A preocupação com a super exploração da vida marinha para suprir a crescente demanda por pescados ao redor do mundo expõe cenas que geralmente são desagradáveis aos olhos urbanos não acostumados a enxergar além dos freezers do supermercado, como a matança dos golfinhos na baía de Taiji no Japão e o finning - o corte da barbatana - de tubarões.
Mas além dessas cenas deploráveis de matança generalizada, a indústria pesqueira precisa lidar também com questões sensíveis e urgentes se quiser manter e recuperar estoques saudáveis. Um exemplo é a adoção de práticas mais sustentáveis para espécies chave, como o atum, que está ameaçado de extinção segundo a lista vermelha da IUCN.
Um vídeo gravado recentemente pelo Greenpeace mostra imagens perturbadoras da pesca do atum no Oceano Pacífico. Usando 'dispositivos de concentração de peixes' (DCPs), que atraem peixes como o marlim e o atum, e redes de cerco, o setor não captura apenas cardumes inteiros de atuns (incluindo juvenis), mas qualquer outro animal na área como tartarugas, raias manta, golfinhos e baleias (bycatch).
“A indústria global de pesca de atum quer que acreditemos que opera segundo um modelo de sustentabilidade. Mas usar DCPs é uma prática habitual de todas as empresas. O massacre exposto neste vídeo pode chocar, mas não é nenhuma surpresa para a indústria. É dessa forma que eles pescam, todos os dias”, afirmou Simon Clydesdale, conselheiro do Greenpeace.
Várias soluções já existem para tratar deste problema através de técnicas seletivas de pesca, porém a indústria do atum continua empregando estes métodos destrutivos, denuncia o Greenpeace.
No Reino Unido, a ONG levou o assunto aos principais supermercados e marcas de atum enlatado, que estão se comprometendo em não adquirir produtos provenientes da pesca com DCPs.
Austrália
Outro caminho é a própria conscientização dos pescadores sobre a condução das suas atividades e os motivos que fazem da criação de áreas marinhas protegidas algo tão elementar.
Um grupo de pescadores de New South Wales, Austrália, resolveu declarar que suas práticas são ambientalmente danosas e agora pedem ao governo federal ajuda financeira para parar com as atividades em benefício de uma proposta para criação de um santuário marinho.
Os pescadores, com cinco embarcações, estão pedindo apoio de grupos ambientalistas para aderirem à 'Hunter Commonwealth Marine Reserve', próxima à Baía Nelson, que visa à criação de uma área mista com atividades de lazer e restrições para a pesca comercial.
"A pesca de arrasto destrói habitats que dão suporte à vida marinha e aos peixes", afirmam os pescadores. As redes de arrasto são puxadas a uma velocidade que permite que peixes, crustáceos e qualquer outro organismo em seu caminho sejam retidos em seu interior, trazendo consigo grande número de espécies que não são alvo da pescaria.
A carta diz que os benefícios econômicos advindos da pesca recreativa e turismo serão muito maiores do que os da sua atividade, porém que precisam ser justamente recompensados. O Departamento Ambiental do governo federal está realizando consultas públicas sobre a criação da reserva.
"Este exemplo de pescadores locais pedindo áreas marinhas protegidas demonstra que é possível ter amplo apoio da comunidade para maior proteção do ambiente", festejou Naomi Hogan, ativista da ONG local Wilderness Society Newcastle, que já manifestou apoio aos pescadores, segundo o jornal Newcastle Herald.
Muito menos notória do que a famosa prima mais ao norte, a Barreira de Corais da Austrália, a região costeira de New South Wales também abriga rica biodiversidade, entretanto não é alvo tão frequente da determinação de áreas protegidas.
Entre 85% e 90% da vida marinha encontrada na costa sul-australiana é endêmica, ou seja, só existe naquele local, e apenas 1% da área é protegida, segundo a Wilderness Society Newcastle.
De qualquer forma, os pescadores não devem sair lesados, pois a Austrália possui a chamada Política de Ajustes para a Pesca, que dispõe sobre a questão de pescadores e comunidades pesqueiras que são impactadas devido à criação de áreas marinhas protegidas.
Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Greenpeace
Nenhum comentário:
Postar um comentário