sábado, 30 de junho de 2012

SUSTENTABILIDADE SERÁ TEMA OBRIGATÓRIO NO ENSINO SUPERIOR A PARTIR DE 2013.




No último dia da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, o Brasil anunciou a adoção de um compromisso voluntário que pode render bons frutos. A partir do próximo ano, a sustentabilidade deverá constar no currículo acadêmico de todas as universidades brasileiras.

A intenção é que, futuramente, o tema seja incorporado da pré-escola ao ensino médio. “Não faz sentido ensinar finanças sem ensinar ética ou meio ambiente. Educação superior é o começo, mas tem que ser em todas as séries. Incentivo a todos que façam ações. Não é só compromisso financeiro, precisamos de comprometimento dos governos”, afirmou à Agência Brasil o conselheiro do Conselho Nacional de Educação, Antônio Freitas Junior.

Embora tenha sido anunciada durante a Conferência, a medida foi publicada no Diário Oficial no dia 18 de junho. A lei especifica apenas que o assunto deverá ser abordado de forma interdisciplinar e contínua, sem necessariamente ser uma disciplina à parte. Na prática, isto significa que é um tema que deve ser abordado em todas as disciplinas, sem ser conteúdo obrigatório de nenhuma.

Obrigatoriedade

Atualmente, a educação ambiental é adotada, também como tema transversal, no ensino básico pelo Ministério da Educação (MEC). Desde abril de 2011, tramita na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 876/2011, que propõe alterar a Política Nacional de Educação Ambiental, tornando-a disciplina obrigatória – e, portanto, específica – no ensino fundamental e no médio.

“A sustentabilidade permeia todas as áreas, os enfoques é que são diferentes. Por exemplo, foi descoberto que o gás que sai do motor a diesel causa câncer. Então, um engenheiro mecânico tem que saber muito mais sobre esse assunto”, ressaltou o conselheiro.

Fonte: EcoD

VALE DESTRUIRÁ MILHARES DE CAVERNAS NA AMAZÔNIA.

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Registros históricos de 10 mil anos de ocupação humana na Amazônia serão destruídos de forma indiscriminada. As cavernas serão demolidas sem terem sequer sido pesquisadas. Arqueólogos contratados pela própria Vale qualificaram as cavernas como de “relevância máxima” e desautorizaram a entrada das escavadeiras.
Contrariando pareceres de arqueólogos, espeleólogos e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o governo federal deu licença prévia para um investimento de 20 bilhões de dólares em mineração de ferro, na vertente Sul da Serra de Carajás, no coração da Amazônia.
Milhares de cavernas serão destruídas. Não há como preservá-las, pois a extração do minério é feita a partir da demolição do terreno. Nada ficará de pé, inclusive as cavernas, que guardam relíquias que datam de 10 mil anos atrás.
PODER DE CONVENCIMENTO
Pesquisas feitas nos últimos anos por espeleólogos e arqueólogos, contratados pela própria Vale, recomendaram a preservação dos locais, considerados por eles como de “relevância máxima”.
Parecer técnico do ICMBio, recomendando a preservação do local, sequer foi considerado pelo governo federal, que deu a licença ambiental prévia por intermédio do Ibama.
A negociação com o alto escalão do governo foi feita pelo próprio presidente da Vale, Murilo Ferreira. Após a emissão da licença ambiental prévia, Ferreira visitou a presidente Dilma Rousseff e fez uma exposição sobre os planos da mineradora para a região. A reunião aconteceu na quarta 27, no Palácio do Planalto.
Registros históricos de 10 mil anos de ocupação humana na Amazônia serão destruídos de forma indiscriminada.
Entre a preservação do patrimônio histórico e o aporte de 20 bilhões de dólares para dobrar a produção na Serra dos Carajás, ficamos com a segunda opção.
O governo sequer enviou uma expedição para tentar conhecer o tamanho do prejuízo que o país terá com a destruição das cavernas.
Não pesquisou, não levou em conta o parecer do ICMBio, não deu ouvidos aos arqueólogos e espeleólogos contratados pela própria mineradora.
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CADEIA PRODUTIVA
Em seus documentos oficiais que vieram a público, a Vale omitiu a existência das cavernas. Informou apenas que os impactos ambientais serão mínimos, pois o minério vai sair da região em esteiras com 30 quilômetros de comprimento, para áreas sem restrições ambientais.
A Vale tem sérios problemas na cadeia produtiva. O mais conhecido é o de abastecer, com minério de ferro, siderúrgicas envolvidas com devastação ambiental e trabalho escravo, conforme várias pesquisas comprovaram, ao longo dos últimos anos.
Menos de 24 horas depois de informar que seu parecer era contrário a licença ambiental prévia, o ICMBio voltou atrás. Na tarde de quinta 28, o Ibama divulgou uma nota em que afirmava dispor de parecer favorável emitido pelo ICMBio.
Tudo ficou, dessa forma, resolvido.
A Vale agora trabalha para obter a licença ambiental definitiva e colocar a mina em operação, em 2016.
É o maior projeto de mineração de ferro em andamento no mundo. Vai aumentar em 82% a produção no chamado Sistema Norte, que passará das atuais 109 para 200 milhões de toneladas anuais de minério de ferro.
Fonte: Rede Sustentável




EVENTOS EXTREMOS REACENDEM DISCUSSÕES SOBRE MUDANÇA CLIMÁTICA.


Incêndios nos Estados Unidos e tempestades sem precedentes no Suriname criam nova onda de preocupação com as mudanças no clima do planeta.


Pela quarta vez em menos de um ano, uma tempestade tropical, comum nos países do Caribe, mas do tipo que nunca tinha chegado ao Suriname, atingiu a costa da pequena nação sul-americana, causando prejuízos e provocando o desalojamento de centenas de pessoas.

“Pela primeira vez na história estamos sofrendo os efeitos de tempestades deste porte”, comentou Ginmardo Kromosoeto, ministro surinamês do Meio Ambiente.


Segundo John Goedschalk, diretor da Agência de Desenvolvimento de Compatibilidade Climática (CCDA) do Suriname, não há dúvidas de que algo está mudando no clima. “Não deveríamos nem questionar se esse tempo é causado pelas mudanças climáticas. O oceano está aquecendo e a intensidade do vento que estamos vivenciando é uma reação natural a este fenômeno.”


Os danos causados pela tempestade ainda não foram divulgados, mas o governo surinamense acredita que os custos cheguem a US$ 154 mil. O vice-presidente Robert Ameerali declarou que haverá ainda mais gastos: cerca de US$ 3,1 milhões anuais serão colocados à disposição do Centro de Coordenação Nacional para Assistência em Desastres (NCCR) para um fundo de auxílio que será estabelecido para vítimas do clima.


Goedschalk afirmou também que sua agência está em negociação com o Instituto Nacional para Meio Ambiente e Desenvolvimento para criar uma força-tarefa que avaliará a situação. O diretor espera que entre os assuntos tratados esteja a legislação de construção do Suriname.


“Ainda construímos casas de formas convencionais, porque nunca levamos ventos fortes em consideração. Mas com o aumento que estamos vendo na força dos ventos, deveríamos adicionar requisitos como melhor fixação de telhados em nossa legislação”, disse.


EUA


Os Estados Unidos também enfrentam problemas com extremos climáticos. Em Montana e Utah, os incêndios estão descontrolados, e no Colorado, eles mataram quatro pessoas e destruíram centenas de casas. Isso porque, com o inverno mais brando, a neve derreteu mais rapidamente, possibilitando que a temporada de incêndios começasse mais cedo.


“Isso nos coloca em um verão mais longo, mais seco. Então tudo o que você precisa é uma fonte de combustão e vento”, observou Steven Running, ecologista florestal da Universidade de Montana.


Estes incêndios têm custado pelo menos US$ 1 bilhão por ano e têm ajudado a alastrar problemas de saúde, que vão de doenças relacionadas ao pulmão, coração e rins a estresse pós-traumático, enfatizou Howard Frumkin, especialista em saúde pública da Universidade Washington.


“A fumaça de incêndios é como a poluição intensa do ar. O nível de poluição pode ficar muitas vezes maior do que em um dia ruim na Cidade do México ou em Pequim”, alertou Frunkin.


As altas temperaturas que estão alimentando esses incêndios coincidem com as projeções do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC), que afirmou que estes calores extremos, com um pequeno resfriamento durante a noite, são um dos impactos do aquecimento global, assim como tempestades severas, enchentes e secas.


“O que estamos vendo é uma janela para a real forma do aquecimento global. Isso proporciona imagens vívidas do que podemos esperar para o futuro”, observou Michael Oppenheimer, da Universidade de Princeton.


 Fonte: Instituto CarbonoBrasil

sexta-feira, 29 de junho de 2012

DOCUMENTÁRIO: LIXO EXTRAORDINÁRIO

Um excelente exemplo do quão valioso é o que chamam de "lixo".


Filmado ao longo de dois anos (agosto de 2007 a maio de 2009), Lixo Extraordinário acompanha o trabalho do artista plástico Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do mundo: o Jardim Gramacho, na periferia do Rio de Janeiro. Lá, ele fotografa um grupo de catadores de materiais recicláveis, com o objetivo inicial de retratá-los. No entanto, o trabalho com esses personagens revela a dignidade e o desespero que enfrentam quando sugeridos a reimaginar suas vidas fora daquele ambiente. A equipe tem acesso a todo o processo e, no final, revela o poder transformador da arte e da alquimia do espírito humano.

APÓS RIO+20, FAZENDEIROS AMEAÇAM ÍNDIOS XAVANTE.




Há 20 anos esperando que invasores sejam retirados de seu território, os índios Xavante foram à Rio +20 para cobrar a promessa feita pelo governo. Durante a conferência, 12 guerreiros da Terra Indígena Marãiwatsédé, do Mato Grosso, fizeram um ato a bordo do navio do Greenpeace, participaram da Marcha dos Povos e conseguiram entregar sua reivindicação nas mãos do governo. O ministro Gilberto Carvalho, braço-direito de Dilma Rousseff, e a presidente da Funai, Marta Azevedo, receberam a carta-denúncia e prometeram agir.


Quem agiu primeiro, porém, foram os fazendeiros que, há anos, ocupam a Marãiwatsédé. Ao retornar para suas terras, os Xavante se depararam com uma série manifestações e ameaças pelo caminho. Segundo matéria do Repórter Brasil, desde o último sábado, a terra indígena “está ocupada por manifestantes que bloquearam o acesso à cidade de São Félix do Araguaia. Eles cavaram uma trincheira na estrada e queimaram pontes em outras vias de acesso à região em ato desesperado diante da sua iminente desintrusão”.


De acordo com fontes locais, não há efetivo suficiente do governo federal para garantir a segurança dos cerca de 900 Xavante de Marãiwatsédé que se protegem em sua aldeia. As manifestações se desencadearam com o retorno dos indígenas da Rio +20. Mas também na esteira da sentença que saiu em 18 de maio deste ano, quando o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) autorizou a retirada imediata dos invasores de Marãiwatsédé.


Saiba mais sobre a história dos Xavante de Marãiwatsedé no vídeo abaixo:



BELO MONTE: NOTA DE REPÚDIO Á TENTATIVA DE CRIMINALIZAÇÃO DO MOVIMENTO SOCIAL DE ALTAMIRA.

O Instituto Socioambiental (ISA) vem se solidarizar com lideranças regionais, profissionais da comunicação e membros do Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) contrários à construção da Hidrelétrica de Belo Monte, que injustamente vêm sendo ameaçados de prisão.


Ao mesmo tempo em que acontecia, no Rio de Janeiro, o encontro global Rio+20, algumas das organizações e lideranças sociais que integram o MXVPS organizaram um encontro na cidade de Altamira, denominado Xingu +23, que, segundo seus organizadores, reuniu cerca de 300 pessoas, entre atingidos pela obra e apoiadores de sua luta.


Após o fim da manifestação, algumas pessoas entraram em salas de escritórios da Norte Energia e danificaram bens materiais (computadores, portas etc.). Com base nesse ato isolado a Polícia Civil de Altamira, incitada pelos construtores da obra, indiciou criminalmente diversas das lideranças sociais de Altamira, que nada tiveram a ver com esse incidente, acusando-as de roubo (!). O processo de perseguição continuou com o pedido de prisão preventiva destas pessoas no dia 26 de junho.


O ISA entende que a ocorrência de um fato isolado não pode, em hipótese alguma, ser utilizado como pretexto para perseguir o movimento social da região e aqueles que se opõem à construção dessa polêmica usina. Várias das pessoas indiciadas por roubo notoriamente nada tiveram a ver com o fato ocorrido. Pelo contrário, exerceram seu direito de manifestação, de forma legítima, pacífica e em exercício de sua profissão, incluindo aí um padre que rezou uma missa durante o ato e um cineasta que estava registrando o evento.


O ISA repudia a tentativa de se utilizar o aparato do Estado para silenciar os movimentos sociais e condena as formas de violência praticadas nesta situação. Tanto as que resultaram na danificação de instalações do Consórcio Construtor de Belo Monte, como aquelas praticadas contra os moradores das cidades de Altamira e Vitória do Xingu, os agricultores, indígenas e ribeirinhos da região, que sofrem com a forma autoritária pela qual o empreendimento vem sendo instalado ao arrepio do Estado Democrático de Direito.

Brasília, 26 de junho de 2012.

Fonte: Instituto Socioambiental (ISA)

quarta-feira, 27 de junho de 2012

CONFIRMOU-SE O PIOR DOS CENÁRIOS: NADA DE CONCRETO FOI DEFINIDO.



A Rio+20 passou, voltemos ao trabalho

As delegações internacionais começam a deixar o Rio de Janeiro. Com elas se vão os milhares de soldados, atiradores de elite e policiais federais, com suas SUVs, helicópteros, fragatas, caminhões antibomba e tanques com artilharia antiaérea. Partem, também, os mais de 300 motociclistas que infernizaram a vida do carioca durante toda a semana com suas sirenes estridentes.

Começam a ser desmontadas as tendas no Aterro do Flamengo e as estruturas de muitos outros locais espalhados pela capital fluminense onde ocorreram centenas de encontros, debates, exposições, seminários e trocas de experiências durante a Rio+20. Sem dúvida, o mais importante legado da conferência.

O Riocentro, palco do vexame internacional protagonizado por representantes de governos que não foram capazes de mostrar o que vieram fazer no Rio, mergulha no silêncio.

Para quem acompanhou o processo preparatório dessa conferência, confirmou-se o pior dos cenários: nada de concreto foi definido. Tudo foi adiado para ser tratado pela Assembleia-Geral das Nações Unidas e negociações futuras.

O problema é que a Rio+20 foi convocada justamente para tratar de questões que os processos regulares da ONU não estavam sendo capazes de resolver, em especial os chamados meios de implementação. Ou seja, a instituição de mecanismos relacionados à governança, ao financiamento e à transferência de tecnologia, considerados fundamentais para fazer valer as inúmeras decisões já aprovadas no âmbito das convenções e protocolos internacionais.

Quem tiver a disposição de ler o longo e repetitivo texto com 283 parágrafos e 49 páginas, vai encontrar um monte de afirmações e reafirmações de conceitos importantes. Encontrará, também, a descrição genérica dos novos passos que precisam ser dados no futuro próximo. Mas não encontrará nenhuma decisão efetiva que tenha sido adotada e que poderia ser o legado da Rio+20.

Esse é o resultado que a burocrata e autocentrada diplomacia internacional foi capaz de produzir: o nivelamento por baixo. As divergências foram tiradas do texto e o documento final sacado a fórceps pelo Brasil, antes mesmo da chegada dos chefes de Estado.

A afirmação de uma ministra brasileira em uma coletiva de imprensa foi reveladora: "Quero destacar a ousadia da diplomacia brasileira de terminar a conferência no prazo". O incrível é que essa frase foi dita no dia 19, antes de qualquer presidente ou primeiro-ministro ter colocado os pés na Cidade Maravilhosa.

Mas, ao final, a melhor definição do resultado da Rio+20, liderada pelo Itamaraty, foi dada por nosso chanceler: "O resultado não deixa de ser satisfatório porque existe um resultado. A perspectiva era de ter texto ou não ter texto. Temos um texto".

Autor: João Paulo Capobianco

terça-feira, 26 de junho de 2012

BELO MONTE É UMA FERIDA ABERTA NA AMAZÔNIA.



A indígena Sheyla Juruna chorou ao falar sobre a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Xingu, norte do Brasil. Em meio a seus “parentes” – como se refere aos demais representantes dos povos indígenas reunidos na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20. -, ansiosa por participar das discussões, as lágrimas de Sheyla revelam sua impotência diante das inúmeras tentativas feitas até agora de barrar a obra.


“A minha alma chora, choro por tudo o que está acontecendo lá, porque a vida do nosso povo está ameaçada. Acho que estas discussões são importantes, mas enquanto o Governo Federal não se sensibilizar, parar a obra, e buscar outras formas de energia, não vamos vencer”, reconheceu Sheyla Juruna.
A construção da Usina de Belo Monte foi um tema recorrente na Cúpula dos Povos durante as discussões sobre o tipo de desenvolvimento proposto pelo governo brasileiro. Sheyla contou como os índios da região estão se matando, envolvidos com violência, com alcoolismo, e como a cultura vai se perdendo. Os integrantes do Movimento Xingu Vivo, que apoiam os indígenas, explicam que a usina não vai afetar somente a população do entorno, mas todos os que vivem do Rio Xingu, trazendo doenças e morte para peixes e gente.


Sheyla não acredita mais que haja espaço para diálogo com o Governo. “O Ministério Público leva para a Justiça, os juízes não fazem nada, a gente está sendo abandonada. A obra está em andamento a todo vapor e as questões sociais não estão sendo vistas. Estão calando a boca dos povos indígenas com as migalhas. Até onde vamos com isso? “Agora, disse, é partir para a briga, e com as próprias mãos, se for necessário”. No dia 15 de junho, os parentes de Sheyla fizeram um manifesto simbólico: usando mãos, enxadas, furadeiras, cavaram as pedras e abriram ensecadeiras – barragens provisórias que desviam o curso do rio para permitir o trabalho em área seca durante a construção da barragem definitiva – sob o escaldante sol da região amazônica. O rio voltou a correr no seu fluxo.


“A vida é assim: a sociedade é democrática e as pessoas têm todo o direito de protestar. Não reprimimos a manifestação”, disse Gilberto Carvalho, secretário geral da Presidência da República, em entrevista à agência Carta Maior depois do debate sobre “Democracia e Direitos”, na Cúpula dos Povos. Carvalho negou que a construção da usina vai alagar aldeias indígenas e prejudicar as populações locais. “Pelo contrário, há duas áreas que estão sendo agora demarcadas por causa de Belo Monte”, argumentou. “Somos privilegiados por termos recursos hídricos, o mundo nos inveja. Não vamos transformar a riqueza hídrica num problema. Para o padrão de desenvolvimento que precisamos ter para o Brasil, vamos continuar construindo hidrelétricas; os erros cometidos na construção destas usinas não podem anular a necessidade e a propriedade de seguirmos construindo”, afirmou.


A placa de propaganda, no caminho para o Riocentro, local onde estava sendo realizada a Conferência Rio+20, assegura: Belo Monte tem segurança e saúde garantidos. Mas a questão não é tão clara e segura quanto anunciam. Em 1º de abril de 2011, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) outorgou medidas cautelares a favor dos membros das comunidades indígenas da bacia do Rio Xingu, no Pará. A justificativa foi proteger a integridade pessoal e a vida destes beneficiários diante do impacto da construção da Usina. Na ocasião, a CIDH solicitou ao governo brasileiro que suspendesse imediatamente o processo de licenciamento e impedisse a realização de qualquer obra até que fossem observadas condições mínimas de respeito aos direitos daquelas pessoas. Em 29 de julho de 2011, diante da resposta do Governo Federal, a CIDH modificou o objeto da medida, amenizando os termos do pedido anterior, mas reforçou novamente a preocupação com a garantia dos direitos dos povos indígenas.


Uma fonte da CIDH confirmou a Terraviva a desconfiança de que o posicionamento do Brasil a favor de mudanças na CIDH, ao se somar ao grupo de países da Aliança Bolivariana das Américas (ALBA) durante a 42ª Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) no início do mês, na Bolívia, estaria ligada às restrições feitas pela relatoria da CIDH sobre Belo Monte. Os países integrantes da ALBA, representados pelo presidente do Equador, Rafael Correa, ameaçaram naquela ocasião deixar a OEA caso não sejam tomadas medidas para sua renovação. Correa argumentou que o sistema interamericano atua desvinculado dos governos “democraticamente eleitos pelos povos da região”.


A assessoria de imprensa do Itamaraty, em Brasília, negou qualquer relação direta. O assessor disse a TerraViva que a medida cautelar de Belo Monte foi um exemplo usado pelo governo sobre a necessidade de reformas no sistema interamericano, e, nesse sentido, “teve um peso”. Mas reiterou que os estudos do Brasil sobre a necessidade de alterar a forma de atuação da CIDH já vinham sendo realizados antes disso.
Para Sheyla e seus parentes, a Cúpula dos Povos foi o espaço que restou para obter apoio e denunciar que a construção da usina de Belo Monte, que não é sinônimo de desenvolvimento sustentável, e que as populações locais estão sendo violadas e destruídas. (IPS/TerraViva)


Fonte: IPS

RIO+20 DEIXA A RESPONSABILIDADE EM NOSSAS MÃOS.



Diante da falta de liderança dos governos, caberá à sociedade civil lutar pelo desenvolvimento sustentável, porém é preciso que os movimentos sociais busquem a convergência das suas demandas e construam uma agenda mais propositiva.

A Rio +20 se foi e o que ficou são milhares de reportagens que mostram quantas centenas de iniciativas de grupos como ONGs, empresas e indivíduos foram lançadas durante as conferências paralelas já que o evento oficial serviu para muito pouco além de fotos.

Como disse Marina Silva, a confiança no “multilateralismo” foi uma das maiores perdas dessa Rio +20. 

As iniciativas independentes são sim importantes para mostrar como os mais diversos grupos têm tentado reagir à falta de liderança de governos como o brasileiro, que falsamente se dizem pioneiros no desenvolvimento sustentável, que deveriam assumir face às múltiplas crises que a humanidade vem enfrentando.

Na falta de um compromisso sério e abrangente em direção a um futuro mais justo (ambiental, social, cultural e economicamente), o único resultado positivo que os mais esclarecidos conseguem distinguir neste cenário confuso é a reação da sociedade civil, que apesar de se mostrar indignada, ainda tem um longo caminho para estar organizada.

A Cúpula dos Povos foi um evento maravilhoso em termos de diversidade de culturas e idéias, porém as dezenas de atividades autogestionadas, apesar de riquíssimas em conteúdo, contribuíram para a segmentação das discussões, não avançando na reunião das diferentes propostas.

Em todas as tendas que acompanhei, a crítica ao modelo atual de desenvolvimento insustentável ‘maquiado de verde’ e ao estímulo ao crescimento desenfreado mesmo em meio à crise era recorrente.

As ditas soluções vão desde uma economia mais solidária, justa e com práticas mais sustentáveis até propostas mais profundas, como o distanciamento completo de mecanismos de valoração dos serviços ambientais e do corporativismo.

Todas estas reivindicações têm o seu papel e são elementares na construção de um entendimento comum em que os diversos setores da comunidade mundial possam finalmente chegar a um novo modelo mais equitativo e menos depredador dos ecossistemas e também própria sociedade.

Entretanto, os movimentos sociais precisam buscar uma convergência maior das suas demandas e construir uma proposta crítica, mas também propositiva.

Um exemplo claro foram as várias plenárias sobre decrescimento, ecossocialismo e outros movimentos que clamam pela saída do capitalismo: se buscam o mesmo fim, por que não unir os debates? A superação das diferenças é o único caminho para uma solução condizente a realidade.

Uma das coisas mais marcantes da Cúpula dos Povos foi a angústia de indígenas de todo o Brasil. Desde os movimentos contra Belo Monte até os até Kaingangs do sul brasileiro, a crítica é quanto à falta de respeito do governo atual em relação aos seus direitos e terras.

A legislação e normatizações que protegem estes povos muito mais proprietários da terra do que nós, intrusos que chegamos há menos de cinco séculos espalhando doenças e lixo, está sendo estraçalhada pelo governo Dilma.

Isto sem falar nas denuncias de abandono dos indígenas no sambódromo, em colchões espalhados pelo chão e com comida sendo entregue às quatro da tarde.

É desolador saber que a poucos quilômetros dali, a administração atual continua dizendo que respeita as populações tradicionais e busca a sustentabilidade.



A distância entre os eventos populares e os oficiais parece um abismo pela ausência de comunicação a não ser por algunsbravos ativistas que conseguiram entrar nas plenárias oficiais e tentaram mostrar para a comunidade internacional as dificuldades dos movimentos sociais no Brasil.

Em nome de cerca de 1.000 ONGs, o representante da Rede de Ação Climática, Wael Hmaidan, pediu na quarta-feira (20) durante a primeira sessão plenária da conferência para que a referência de apoio atribuída às entidades civis organizadas fosse retirada do texto final da Rio+20.

Em outro protesto, um grupo de lideranças e personalidades nacionais e internacionais de diferentes segmentos entregaram na quinta-feira (21) no Riocentro, a mensagem 'A Rio+20 que não queremos' aos Chefes de Estado e de Governo que participam da Rio+20.

Por incrível que pareça, um dos momentos mais constrangedores e reveladores da Rio +20 foi o bate-boca da ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, irritada com manifestantes no Riocentro durante uma mesa composta por Luciano Coutinho, presidente BNDES; Johaness Eck, representante da Casa Civil do Brasil; Deborah Wetzel, do Banco Mundial; Jane Smart, das Nações Unidas; e Tarso Azevedo, especialista em política florestal. 

Na Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, o chamado ‘evento oficial’, a maioria das conferências, tanto plenárias quanto paralelas, pareciam entoar o mantra da ‘economia verde’.

O lado positivo é que agora realmente as grandes corporações e cidades não têm mais como esconder o seu passivo e terão que se adaptar ao novo paradigma que começa a nascer, voluntariamente na maioria dos casos devido a ausência de governança em nível nacional.

Não há como negar que as iniciativas são sim muito interessantes, com algumas empresas preocupadas em espalhar a sensibilização para a sustentabilidade até mesmo para os familiares dos seus funcionários e cidades se comprometendo com metas mais ambiciosas que os países. Mas, tudo isto se deve a pressão popular e a conscientização de alguns poucos líderes empresariais.

Como já está virando costume, a bola foi passada para nós, cidadãos: monitoramento da ‘maquiagem verde’ e corrupção, participação nas decisões locais (especialmente às vésperas das eleições municipais) e, enfim, policiamento de nós mesmos contra o desperdício e consumismo. Estas são funções que certamente merecem a nossa atenção não apenas para garantir um ambiente equilibrado para as futuras gerações, mas para nós mesmos, já que não é apenas o sistema financeiro que está em crise, o planeta inteiro está.

Autor: Fernanda B. Müller

segunda-feira, 25 de junho de 2012

DOCUMENTÁRIO: OURO AZUL: AS GUERRAS MUNDIAIS PELA ÁGUA.



Produzidos pelo mesmo pessoal de "The Corporation", só poderia ser um documentário fantástico!

Sinopse: "Documentario sobre as atuais e futuras Guerras Mundiais por Água. Mostra como a água mundialmente está sendo mal gerida, esgotada e poluída. A falta de água em muitos países do mundo devido a manipulação e corrupção por parte dos Governos, administrações locais e, claro, as corporações multinacionais de Agua. As constantes lutas entre o povo e os altos poderes econômicos e governamentais. 
As Guerras e revoluções diárias por uma fonte de vida de todos os seres humanos e seres vivos deste planeta."

CIENTISTAS E AUTORIDADES CRITICAM POSTURA DA RIO+20 DE IGNORAR MUDANÇAS CLIMÁTICAS.




A Força Tarefa sobre a Mudança Climática (Climate Change Task Force  - CCTF), entidade criada por Mikhail Gorbachev que reúne cientistas e políticos, divulgou uma declaração no começo desta semana afirmando que a decisão de colocar de lado as negociações climáticas na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) põe em risco todo o  resultado do encontro.


“Estou muito preocupado porque o documento final da Rio+20 não dá a atenção apropriada às mudanças climáticas. Parece que estão mesmo ignorando o tema, e isto é muito ruim, uma vez que sem as ações de mitigação e adaptação climática, todas as outras medidas serão sem sentido”, disse Gorbachev.

No dia 11 de junho, a CCTF divulgou um documento de 33 páginas intitulado "Um Apelo à Ação Urgente sobre a Mudança Climática", que recomenda medidas imediatas para lidar com o aquecimento global e seus impactos.

“Nós, Membros e Associados da Força Tarefa sobre a Mudança Climática, estamos apelando aos líderes em torno do mundo, e de todos os estilos de vida, para que enfrentem as suas responsabilidades históricas e ajam de maneira vigorosa, urgente e conjunta para lidar com as realidades e  as consequências potencialmente devastadoras da mudança climática. Em um espírito de solidariedade internacional, estamos chamando-os para que direcionem o apoio público para a definição e a implementação de uma visão positiva e estratégica, pelo progresso humano de forma sustentável, inclusiva e justa”, afirma o texto.

Gorbachev salienta que os chefes de Estado devem colocar o aquecimento global  de volta na agenda. “A CCTF urge os líderes mundiais para formar um comprometimento político sério para concretizar as ações climáticas que são tão necessárias”.

Fonte: Instituto CarbonoBrasil

domingo, 24 de junho de 2012

DOCUMENTÁRIO: THE CORPORATION - A CORPORAÇÃO.

Assista a esse revolucionário documentário que nos revela a verdadeira faceta das grandes Corporações que dominam nosso planeta.


Cento e cinqüenta anos atrás, a corporação era apenas umainstituição insignificante. Mas hoje é mais que uma presença emnossas vidas. Assim como o Comunismo, a Igreja e a Monarquiaem outras épocas, a corporação é hoje a instituição dominante. Apesar de a história geralmente depreciar esse domínio, acorporação é a primeira instituição poderosa a ponto de definir  ahistória. Neste complexo e divertido  documentário, Mark Achbar e Joel Bakan mostram as repercussões da hegemonia das corporaçães na sociedade e na vida das pessoas. Baseado nobest seller The Corporation: The Pathological Pursuit of Profit and Power, foram convidados  CEOs, lobistas, gurus, espiões,jogadores, hipotecários, corretores de títulos e estudiosos pararevelar  o trabalho, curiosidades, impactos controversos efuturos possíveis de quatro grandes corporações. Com grandesentrevistas com personalidades do mundo dos negócios como Noam Chomsky e Howard Zinn, e o documentarista MichaelMoore, THE CORPORATION denuncia muitas irregularidades e apresenta diversas vitórias contra essa instituição que se diz invencível.

sábado, 23 de junho de 2012

CÚPULA DOS POVOS AFIRMA QUE GOVERNOS DEFENDERAM INTERESSE DE CORPORAÇÕES NA RIO+20.



Intitulado "Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, Contra a Mercantilização da Vida e em Defesa dos Bens Comuns", o texto final da Cúpula dos Povos foi divulgado nesta sexta-feira (22) e afirma que muitos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferência Rio+20.

O documento defende a urgente distribuição de riqueza e da renda, o combate ao racismo e ao etnocídio, a garantia do direito a terra e território, o direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação, e à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.


Leia o texto na íntegra:

Declaração final:


Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental, contra a mercantilização da vida e em defesa dos bens comuns.

Movimentos sociais e populares, sindicatos, povos e organizações da sociedade civil de todo o mundo presentes na Cúpula dos Povos na Rio+20 por Justiça Social e Ambiental vivenciaram nos acampamentos, nas mobilizações massivas e nos debates a construção das convergências e alternativas, conscientes de que somos sujeitos de uma outra relação entre humanos e humanas e entre a humanidade e a natureza, assumindo o desafio urgente de frear a nova fase de recomposição do capitalismo e de construir, através de nossas lutas, novos paradigmas de sociedade.

A Cúpula dos Povos é o momento simbólico de um novo ciclo na trajetória de lutas globais que produz novas convergências entre movimentos de mulheres, indígenas, negros, juventudes, agricultores(as) familiares e camponeses, trabalhadores(as), povos e comunidades tradicionais, quilombolas, lutadores pelo direito à cidade e religiões de todo o mundo. As assembleias, mobilizações e a grande Marcha dos Povos foram os momentos de expressão máxima dessas convergências.

As instituições financeiras multilaterais, as coalizões a serviço do sistema financeiro, como o G8/G20, a captura corporativa da ONU e a maioria dos governos demonstraram irresponsabilidade com o futuro da humanidade e do planeta e promoveram os interesses das corporações na conferência Rio+20 oficial. Em constraste a isso, a vitalidade e a força das mobilizações e dos debates na Cúpula dos Povos fortaleceram a nossa convicção de que só o povo organizado e mobilizado pode libertar o mundo do controle das corporações e do capital financeiro.

Há vinte anos, o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos. A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema economico-financeiro.

As múltiplas vozes e forças que convergem em torno da Cúpula dos Povos denunciam a verdadeira causa estrutural da crise global: o sistema capitalista associado ao patriarcado, ao racismo e à homofobia.

As corporações transnacionais continuam cometendo seus crimes com a sistemática violação dos direitos dos povos e da natureza com total impunidade. Da mesma forma, avançam seus interesses através da militarização, da criminalização dos modos de vida dos povos e dos movimentos sociais promovendo a desterritorialização no campo e na cidade.

Avança sobre os territórios e os ombros dos trabalhadores(as) do sul e do norte. Existe uma dívida ambiental histórica que afeta majoritariamente os povos do sul do mundo que deve ser assumida pelos países altamente industrializados que causaram a atual crise do planeta.

O capitalismo também leva à perda do controle social, democrático e comunitario sobre os recursos naturais e serviços estratégicos, que continuam sendo privatizados, convertendo direitos em mercadorias e limitando o acesso dos povos aos bens e serviços necessários à sobrevivência.

A atual fase financeira do capitalismo se expressa através da chamada economia verde e de velhos e novos mecanismos, tais como o aprofundamento do endividamento público-privado, o super-estímulo ao consumo, a apropriação e concentração das novas tecnologias, os mercados de carbono e biodiversidade, a grilagem e estrangeirização de terras e as parcerias público-privadas, entre outros.

As alternativas estão em nossos povos, nossa história, nossos costumes, conhecimentos, práticas e sistemas produtivos, que devemos manter, revalorizar e ganhar escala como projeto contra-hegemônico e transformador.

A defesa dos espaços públicos nas cidades, com gestão democrática e participação popular, a economía cooperativa e solidária, a soberania alimentar, um novo paradigma de produção, distribuição e consumo, a mudança da matriz energética,  são exemplos de alternativas reais frente ao atual sistema agro-urbano-industrial.

A defesa dos bens comuns passa pela garantia de uma série de direitos humanos e da natureza, pela solidariedade e respeito às cosmovisões e crenças dos diferentes povos, como, por exemplo, a defesa do “Bem Viver” como forma de existir em harmonia com a natureza, o que pressupõe uma transição justa a ser construída com os trabalhadores(as) e povos. A construção da transição justa supõe a liberdade de organização e o direito a contratação coletiva e políticas públicas que garantam formas de empregos decentes.

Reafirmamos a urgência da distribuição de riqueza e da renda, do combate ao racismo e ao etnocídio, da garantia do direito a terra e território, do direito à cidade, ao meio ambiente e à água, à educação, a cultura, a liberdade de expressão e democratização dos meios de comunicação, e à saúde sexual e reprodutiva das mulheres.

O fortalecimento de diversas economias locais e dos direitos territoriais garantem a construção comunitária de economias mais vibrantes. Estas economias locais proporcionam meios de vida sustentáveis locais, a solidariedade comunitária, componentes vitais da resiliência dos ecossistemas. A maior riqueza é a diversidade da natureza e sua diversidade cultural associada e as que estão intimamente relacionadas.

Os povos querem determinar para que e para quem se destinam os bens comuns e energéticos, além de assumir o controle popular e democrático de sua produção. Um novo modelo enérgico está baseado em energias renováveis descentralizadas e que garanta energia para a população e não para corporações.

A transformação social exige convergências de ações, articulações e agendas comuns a partir das resistências e proposições necessárias que estamos disputando em todos os cantos do planeta. A Cúpula dos Povos na Rio+20 nos encoraja para seguir em frente nas nossas lutas.

Rio de Janeiro, 15 a22 de junho de 2012.
Comitê Facilitador da Sociedade Civil na Rio+20 – Cúpula dos Povos

MARINA SILVA: "MULTILATERALISMO NAS QUESTÕES AMBIENTAIS É O MAIOR PREJUDICADO PELO RESULTADO NEGATIVO DA RIO+20".


A ex-ministra do Meio Ambiente e ativista Marina Silva, que atualmente comanda o Instituto Marina Silva e faz parte do Instituto Democracia e Sustentabilidade, esteve nesta sexta-feira (22) no Riocentro durante o lançamento da União Global pela Sustentabilidade (UGS) e aproveitou para deixar a sua mensagem sobre os resultados decepcionantes da Rio +20. 

Ela parabenizou a todos os membros da UGS , elogiando que são iniciativas como essa que a fazem continuar a ter esperança.


“Acabamos de fazer um grande encontro de países e infelizmente o resultado de tudo isso está muito distante das necessidades do nosso planeta. Vejo que estamos diante de uma espécie de vácuo de governança em relação a quem quer ajudar a liderar a segurança do planeta e as saídas para a crise ambiental global. Sinto que foi entregue à sociedade a responsabilidade do esforço para mudar o que está acontecendo com o planeta”


O documento resultante da Rio +20, amplamente criticado por movimentos socioambientais, “tem objetivos genéricos para o desenvolvimento sustentável, sem mecanismos de financiamento e sem uma governança forte”, critica.


Marina ressalta que talvez a maior perda resultante desse encontro seja do principio do multilateralismo para resolver o problema ambiental global.


“Até então se dizia que o esforço tinha que ser multilateral, com instrumentos que viabilizassem respostas para o grave problema do planeta mas com a ação de todos os países e agora com a ideia de objetivos genéricos para o desenvolvimento sustentável, cada um vai fazer de acordo com suas possibilidades sem comprometer suas velhas oportunidades. Então a sociedade tem uma responsabilidade muito grande”.


Para Marina, isto tudo significa o repasse para a sociedade da responsabilidade, como se os líderes estivem dizendo: “decidimos que vamos mais uma vez adiar e que vocês empresas, academia, cidadãos de um modo geral, façam alguma coisa”.


“Na minha opinião, estamos na contramão de uma transição excessivamente demorada, por que o planeta não tem mais tempo para isso, já está em 50% no vermelho ou diante das possibilidade de fazer uma ruptura abrupta porque não se muda um modelo de desenvolvimento da noite para o dia”, lamentou.


Porém, Marina diz estar animada, acreditando ser possível fazer uma mutação possibilitadora no perfil econômico, social, cultural, “entendo a sustentabilidade não apenas como uma maneira de fazer mas como uma maneira de ser , como um ideal de vida”


Desta forma, se a sociedade absorver o porque desta mutação, isso se refletirá nas empresas, nas escolas. Otimista, apesar das frustrações com a política assumida pelo governo nos últimos anos, ela acredita profundamente que é possível promover esta mutação. Isto por que o que está acontecendo no mundo é um ativismo completamente diferente, explica, é um ativismo autoral.


“As pessoas estão aqui por que querem ser autoras e co-autoras desse mundo possível que nós escolhemos. A ideia das profecias de um novo tempo que acaba sendo destruído pelo próprio homem é um aviso que não é em vão, é porque se nós temos o poder de acabar com ele também temos o poder de preservá-lo”.


Fonte: Instituto CarbonoBrasil

sexta-feira, 22 de junho de 2012

RIO+20 TERMINA COM UM GEMIDO.



A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio +20) chega hoje ao fim. No total, mais de 100 chefes de Estado e dezenas de milhares de representantes de governos, de empresas e da sociedade civil se reuniram durante duas semanas para propor soluções ao desenvolvimento sustentável no Rio de Janeiro.
 
A seguir uma declaração de Manish Bapna, presidente em exercício do World Resources Institute (WRI):

"A Rio +20 foi mais como um gemido do que um rugido. As expectativas para a conferência estavam baixas, mas os resultados foram ainda mais modestos. O texto acordado não foi forte o suficiente para atender ao meio ambiente e aos desafios do desenvolvimento do nosso tempo. Esta foi uma oportunidade perdida para re-energizar a conversa global e, mais importante, gerar maior ação em torno da sustentabilidade.

Havia alguns pontos brilhantes, o avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o suporte para uma melhor governança em torno de questões ambientais e do progresso no transporte sustentável, entre outros. Mas, ainda está longe do que precisamos.

Certamente, existem razões para que a conferência tenha ficado aquém das expectativas: crises econômicas e políticas no cenário global, o desafio de levar adiante questões complexas; e a luta para se alcançar uma decisão unânime entre os diversos pontos de vista dos atores presentes. Estes desafios são reais, mas eles não devem ser uma desculpa para a inação.

Então, o que vem a seguir?

Não podemos perder de vista o quadro geral. Seria um erro confundir o resultado aqui com o que está acontecendo em campo ao redor do mundo. Muitas ações reais estão ocorrendo nas esferas nacionais e locais em muitos países. Basta olhar para os esforços da Alemanha na construção de uma matriz energética mais limpa, para os esforços do Níger, que tenta esverdear novamente suas paisagens, ou para o lançamento do BRT, novo sistema de transporte público sustentável no Rio de Janeiro.

Entendemos os desafios. Conhecemos as soluções. O que precisamos é construir a vontade política para uma liderança mais ousada.

Ao sairmos do Rio e voltarmos para nossas casas ao redor do mundo, não devemos desistir da visão de um caminho mais sustentável. Dada a urgência dos desafios, devemos continuar a avançar com soluções ambiciosas que irão criar um futuro mais sustentável".

Fonte: World Resources Institute

RIO+20: A RUPTURA ENTRE O QUERER E O PODER.



Nas manifestações pelas ruas do Rio de Janeiro e no colorido da Cúpula dos Povos as pessoas e as organizações da sociedade civil gritaram, desenharam e sonharam palavras de ordem contra quase tudo. Enquanto isso, no RioCentro sucederam-se enfadonhos discursos de chefes de Estado que, por horas, ocuparam a tribuna para ler textos que pereciam ter sido escritos pelo mesmo ghost writer. O colorido das ruas substituído pelo monocromático das gravatas em discursos acanhados, como a explicar porque não tinham a coragem de sonhar com um amanhã menos cinzento.

A Rio+20 vai entrar para a história como um vazio de coragem e o abandono das utopias. A ruptura entre as palavras de ordem das ruas e a ordem das palavras no documento final da conferência. No entanto, não é um fim de linha, nem para a ONU nem para a sociedade civil. O próprio secretário geral, Ban Ki-Moon considerou o documento acordado entre os países como tímido e as organizações sociais sabem
que há muito trabalho a fazer. Até 2014 devem ser definidos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que precisam ser mais corajosos do que esse documento “sem conflitos” assinado no Rio de Janeiro.

No entanto, é sempre bom lembrar que os documento da Rio+20 representa apenas o piso, o mínimo que se pode fazer, mas não o máximo. O recado das ruas também foi confuso, sem nenhuma objetividade e, de forma generalizada, contra tudo e contra todos. É importante que se tenha em mente que cada governo individualmente, cada organização e cada pessoa pode avançar, ir além, trabalhar pelas utopias que sempre são as sementes de grandes realizações da humanidade.

A Rio+20 pode ser vista como um exemplo a não ser seguido. A ONU criada após a 2ª Guerra Mundial pode não ser mais o modelo de cooperação internacional que o século XXI necessita. Mas é o único modelo de multilateralismo que o planeta tem, portanto, é preciso apostar em sua capacidade de se renovar. Nos próximos anos outras conferências vão desafiar a capacidade da humanidade em resolver problemas comuns e não se deve desistir de buscar uma voz comum em harmonia com os desejos das sociedades.

O documento final da Rio+20 é uma afronta à capacidade humana de sonhar, mas é uma ode à necessidade de se caminhar unido. O esforço diplomático para redigir um documento para ser assinado por quase duas centenas de países é louvável, porque os interesses são os mais díspares possíveis, contemplando desde a falida aristocracia europeia aos novos-ricos dos BRICS, passando por Saint Kitts, uma ilhota do Caribe que é o menor país das Américas.

Mas a diplomacia adotou a técnica de retirar os pontos conflitantes, aparar as arestas, tirar as cores fortes, de forma que, no final, pouco restou do sonho de uma grande conferência sobre desenvolvimento sustentável. 

Autor: Dal Marcondes   -   Fonte: Envolverde

quinta-feira, 21 de junho de 2012

RIO+20: QUANDO A ECONOMIA E O CAPITALISMO SE PINTAM DE VERDE (GREENWASH).


O verde vende. Desde a revolução verde, passando pela tecnologia verde, o crescimento verde até chegar aos “brotos verdes”, que teriam que nos tirar da crise. A última novidade: a economia verde. Uma economia que, contrariamente ao que seu nome indica, não tem nada de “verde”, além dos dólares que esperam ganhar com a mesma aqueles que a promovem.
 
É que a nova ofensiva do capitalismo global por privatizar e mercantilizar massivamente os bens comuns tem na economia verde o seu máximo expoente. Justamente em um contexto de crise econômica como a atual, uma das estratégias do capital para recuperar a taxa de lucro consiste em privatizar os ecossistemas e converter “o vivo” em mercadoria.
 
A economia verde vai ser, precisamente, o tema central da agenda da próxima Cúpula das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, a celebrar-se de 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro, vinte anos depois da Cúpula da Terra da ONU que em 1992 teve lugar na mesma cidade. E duas décadas depois, onde nos encontramos? Onde ficaram os conceitos como “desenvolvimento sustentável” –criados na citada cúpula? Ou ratificação da Convenção sobre Mudança Climática, que sentou as bases do Protocolo de Kyoto? Ou o Convênio sobre a Diversidade Biológica que se lançou naquela ocasião? Em papel amassado nem mais nem menos. Hoje estamos muito pior que antes.
 
Nestes anos não só não se conseguiu freara mudança climática, a perda da biodiversidade, parar o desmatamento de florestas… mas sim que, ao contrário, estes processos não fizeram mais que agudizar-se e intensificar-se. Assistimos, pois, uma crise ecológica sem precedentes, que ameaça o futuro da espécie e da vida no planeta, e que tem um papel central na crise de civilização que enfrentamos.
 
Uma crise ambiental que evidencia a incapacidade do sistema capitalista para sairmos do “beco sem saída” em que sua lógica de crescimento sem limites, do beneficio a curto prazo, do consumismo compulsivo… nos têm conduzido. E esta incapacidade para dar uma “saída” real, nós temos visto claramente após as fracassadas cúpulas do clima de Copenhague (2009), Cancún (2010), Durban (2011) ou na cúpula sobre biodiversidade em Nagoya (Japão, 2010), etc., onde acabou se impondo interesses políticos e econômicos particulares em detrimento das necessidades coletivas da maioria das pessoas e ao futuro do planeta.
 
Nestas cúpulas se apresentam falsas soluções à mudança climática, soluções tecnológicas, desde nucleares, passando pelos agrocombustíveis até a captura e armazenamento de CO2 sob a terra, entre outras. Medidas que tentam esconder as causas estruturais que nos conduzem a crise ecológica atual, que buscam fazer negócio com a mesma e que não farão nada além de aprofundá-la.
 
Os vínculos estreitos entre aqueles que ostentam o poder político e o econômico explicam esta falta de vontade para dar uma resposta efetiva. As políticas não são neutras. Uma solução real implicaria uma mudança radical no atual modelo de produção, distribuição e consumo, enfrentar-se a lógica produtivista do capital. Tocar o núcleo duro do sistema capitalista. E aqueles que ostentam o poder político e econômico não estão dispostos a isso, a acabar com sua “galinha de ovos de ouro”.
 
Agora vinte anos mais tarde nos querem “vender a moto” da economia verde como saída da crise econômica e ecológica. Outra grande mentira. A economia verde somente busca fazer negócio com a natureza e a vida. Se trata da neocolonização dos recursos naturais, aqueles que ainda não estão privatizados, e busca transformá-los em mercadoria de compra e venda.
 
Seus promotores são, precisamente, aqueles que nos conduziram a situação de crise em que nos encontramos: grandes empresas transnacionais, com o apoio ativo de governos e instituições internacionais. Aquelas companhias que monopolizam o mercado da energia (Exxon, BP, Chevron, Shell, Total), da agroindústria (Unilever, Cargill, DuPont, Monsanto, Procter&Gamble), das farmacêuticas (Roche, Merck), da química (Dow, DuPont, BASF) são as principais impulsionadoras da economia verde.
 
Assistimos a um novo ataque aos bens comum onde quem sai perdendo somos os 99% e nosso planeta. E especialmente comunidades indígenas e camponesas do Sul global, cuidadoras dos ecossistemas, que serão expropriadas e expulsas de seus territórios em beneficio das empresas transnacionais que buscam fazer negócio com os mesmos.
 
Com a cúpula da Rio+20 se busca criar, o que poderíamos chamar, “uma nova governança ambiental internacional” que consolide a mercantilização da natureza e que permita um maior controle oligopólico dos recursos naturais. Em definitivo, despejar o caminho as empresas transnacionais para apropriar-se dos recursos naturais, legitimando umas práticas de roubo e usurpação. A resposta está em nossas mãos: dizer “não” e desmascarar um capitalismo e uma economia que se pinta de verde.
 
Autor: Esther Vivas   -   Fonte: EcoDebate

ALTA COMISSÁRIA DE DIREITOS HUMANOS DA ONU AFIRMA QUE DOCUMENTO DA RIO+20 É RETROCESSO.

















Apesar de afirmar que a linguagem dos Direitos Humanos consta no documento da Rio+20, a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos, Navi Pillay, comentou no dia 19/6 que o texto é um retrocesso. “Alguns temas importantes como a liberdade de expressão, protesto e associação, os Direitos Humanos dentro dos negócios e no mundo empresarial ficaram fora do documento. Precisamos destacar que os Direitos Humanos devem vir junto do desenvolvimento sustentável (…) é fundamental que estejam em primeiro plano quando pensamos na economia verde. Os Direitos humanos não são um produto comercial nem assunto para barganhas políticas”.

Navi Pillay disse ainda que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) devem incluir de forma clara os Direitos Humanos. “Os instrumentos de aplicação, o empoderamento das mulheres e meninas, os direitos sexuais e de gênero, o papel dos Governos em garantir os Direitos Humanos são alguns dos temas essenciais, que devem ter papel central nos ODS. Enviei uma carta a todos os países do mundo para que coloquem as pessoas no centro das políticas do Desenvolvimento Sustentável”.

Organizações não governamentais criticaram na Rio+20 (19/06) o uso dos direitos humanos como elemento de barganha nas negociações do documento final da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, apresentado pelo Governo brasileiro.

Direitos humanos são usados como “moeda de troca” para obter consenso na Rio+20, disse Atila Roque, Diretor no Brasil da Anistia Internacional. Roque afirma que o último rascunho do “O Futuro que Queremos” exclui a linguagem de direitos humanos consagrada internacionalmente. Ele exemplificou com a troca do termo “direitos sexuais e reprodutivos” por “saúde reprodutiva”, citando um dos pontos do documento.

O Vice-Diretor-Executivo da Human Rights Watch, Jan Egeland, classificou o documento como retrocesso. Ele criticou a retirada dos deveres empresarias quanto aos impactos negativos de projetos de desenvolvimento, além da ausência de referência ao direito de livre associação. “Acabou predominando uma lógica desenvolvimentista de base meramente econômica”.

A opinião sobre a fragilidade do documento é compartilhada também pelo Diretor de Campanhas do Greenpeace Brasil, Marcelo Furtado. “Os temas de desenvolvimento sustentável foram ampliados e o resultados diminuídos. Trata-se de um retrocesso em relação a 92”.

 Fonte: EcoDebate