Segundo
o historiador Arnold Toynbee em seu livro “A humanidade e a mãe Terra”, escrito
de um só fôlego no hospital em que estava internado, a humanidade começou una.
Embora com culturas distintas, todos os humanos organizavam-se em pequenos
grupos que viviam da coleta, da pesca e da caça. Para a prática de atividade
econômica tão rudimentar, pois que visava somente a subsistência num mundo
natural esmagador, os grupos desenvolveram tecnologias simples. Toynbee disse
que a tecnosfera começou já no Paleolítico Inferior, embora não ameaçasse a
biosfera. A arma mais poderosa dos hominídeos era o fogo, já existente na
natureza.
O segundo passo no processo de desenvolvimento tecnológico foi registrado no alvorecer do Neolítico. A ultima glaciação recuou há cerca de 11 mil anos, colocando um desafio para a humanidade: viver num período quente ou sucumbir. Essa fase nova foi batizada pelos cientistas de Holoceno. É nela que vivemos. Na origem dela, alguns grupos inventaram a agricultura e o pastoreio, criando condições para o sedentarismo. Outros buscaram ambientes aos quais já estavam acostumados no período frio. Outros, finalmente, sucumbiram por não encontrarem solução para o desafio criado pelo aquecimento global natural. Os grupos sedentários promoveram o avanço da tecnosfera sobre a biosfera.
Ainda seguindo Toynbee, o terceiro passo é representado pelas primeiras civilizações. Além da agricultura e do pastoreio, elas promoveram grandes obras de drenagem e de irrigação. Suprimiram florestas para a expansão da lavoura e do gado. Criaram cidades-estados e grandes impérios. A tecnologia que muito avançou nesse terceiro momento foi a da guerra. A substituição da biosfera pela tecnosfera causou crises ambientais localizadas, geralmente reversíveis quando cessados os impactos ambientais.
Vejo, como quarto passo, o nascimento do modo de produção capitalista na Europa Ocidental, por volta do século XV. Este sistema econômico revelou-se perverso desde seus primórdios, pois transformou os bens de uso em bens de troca. A economia, agora, não visava mais atender às necessidades básicas das pessoas, mas obter lucro com sua venda. Foi este desejo que impulsionou a expansão terrestre e marítima da Europa Ocidental. Foi ele o responsável pela dizimação dos povos indígenas de outros continentes, da exploração de minérios, de plantas e de animais, da implantação de sistemas de produção fora da Europa e da escravidão na América. A preparação intelectual para o próximo passo formula-se nesse quarto momento. A tecnosfera avançou bastante sobre a biosfera e deixou nela cortes profundos que não foram devidamente cicatrizados.
Por fim, o quinto passo é representado pelas revoluções industriais do fim do século XVIII, do fim do século XIX e do pós-Segunda Guerra Mundial. A extração de recursos naturais não renováveis, especialmente os ricos em carbono, bem como a produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos alcançaram níveis inauditos. A tecnosfera avançou como um exército brutal e implacável sobre a biosfera, levando o mundo ocidental e ocidentalizado a criar uma crise ambiental sem precedentes no passado do planeta: pela primeira vez na história da Terra, uma espécie animal, agindo coletivamente, conseguia produzir uma crise socioambiental global.
Especialistas mostram que as grandes fases geológicas têm seu início e seu fim por mudanças climáticas, continentais e biológicas profundas. O começo da Era Paleozóica foi marcado pelo aparecimento de animais pluricelulares invertebrados. Seu fim foi provocado por uma grande crise que quase extinguiu todas as espécies animais aquáticas. Teve início, então, a Era Mesozóica, em que predominaram os dinossauros. Estes se extinguiram no fim do Mesozóico, abrindo espaço para os mamíferos. Ao todo, foram cinco crises colossais.
Agora, estamos vivendo a sexta crise, esta produzida pela ação coletiva do ser humano. Paul Crutzen, prêmio Nobel de química em 1995, propôs, em 2000, uma nova época geológica que eles denominou de Antropoceno. Pela primeira vez na história da Terra, um ser vivo – o “Homo sapiens” – cria um novo momento geológico. Como evidências da nova época, o Instituto Resiliência de Estocolmo aponta as colossais emissões de gases que mudam a atmosfera e provocam aquecimento global, assim como o esgarçamento da camada de ozônio; acidificação dos oceanos; as grandes transformações nos continentes, com a supressão das formações vegetais nativas, substituídas por lavouras, pastagens e cidades; a maciça extinção da biodiversidade; a grande circulação de produtos químicos em todo o planeta; a escassez crescente de água doce; e a enorme produção de poeira. Toynbee acertou em cheio: a tecnosfera avançou sobre a biosfera de forma insustentável. Entramos no Antropoceno e não sabemos como sair dele. A Rio+20 é um remédio muito fraco para uma doença muito forte.
O segundo passo no processo de desenvolvimento tecnológico foi registrado no alvorecer do Neolítico. A ultima glaciação recuou há cerca de 11 mil anos, colocando um desafio para a humanidade: viver num período quente ou sucumbir. Essa fase nova foi batizada pelos cientistas de Holoceno. É nela que vivemos. Na origem dela, alguns grupos inventaram a agricultura e o pastoreio, criando condições para o sedentarismo. Outros buscaram ambientes aos quais já estavam acostumados no período frio. Outros, finalmente, sucumbiram por não encontrarem solução para o desafio criado pelo aquecimento global natural. Os grupos sedentários promoveram o avanço da tecnosfera sobre a biosfera.
Ainda seguindo Toynbee, o terceiro passo é representado pelas primeiras civilizações. Além da agricultura e do pastoreio, elas promoveram grandes obras de drenagem e de irrigação. Suprimiram florestas para a expansão da lavoura e do gado. Criaram cidades-estados e grandes impérios. A tecnologia que muito avançou nesse terceiro momento foi a da guerra. A substituição da biosfera pela tecnosfera causou crises ambientais localizadas, geralmente reversíveis quando cessados os impactos ambientais.
Vejo, como quarto passo, o nascimento do modo de produção capitalista na Europa Ocidental, por volta do século XV. Este sistema econômico revelou-se perverso desde seus primórdios, pois transformou os bens de uso em bens de troca. A economia, agora, não visava mais atender às necessidades básicas das pessoas, mas obter lucro com sua venda. Foi este desejo que impulsionou a expansão terrestre e marítima da Europa Ocidental. Foi ele o responsável pela dizimação dos povos indígenas de outros continentes, da exploração de minérios, de plantas e de animais, da implantação de sistemas de produção fora da Europa e da escravidão na América. A preparação intelectual para o próximo passo formula-se nesse quarto momento. A tecnosfera avançou bastante sobre a biosfera e deixou nela cortes profundos que não foram devidamente cicatrizados.
Por fim, o quinto passo é representado pelas revoluções industriais do fim do século XVIII, do fim do século XIX e do pós-Segunda Guerra Mundial. A extração de recursos naturais não renováveis, especialmente os ricos em carbono, bem como a produção de resíduos sólidos, líquidos e gasosos alcançaram níveis inauditos. A tecnosfera avançou como um exército brutal e implacável sobre a biosfera, levando o mundo ocidental e ocidentalizado a criar uma crise ambiental sem precedentes no passado do planeta: pela primeira vez na história da Terra, uma espécie animal, agindo coletivamente, conseguia produzir uma crise socioambiental global.
Especialistas mostram que as grandes fases geológicas têm seu início e seu fim por mudanças climáticas, continentais e biológicas profundas. O começo da Era Paleozóica foi marcado pelo aparecimento de animais pluricelulares invertebrados. Seu fim foi provocado por uma grande crise que quase extinguiu todas as espécies animais aquáticas. Teve início, então, a Era Mesozóica, em que predominaram os dinossauros. Estes se extinguiram no fim do Mesozóico, abrindo espaço para os mamíferos. Ao todo, foram cinco crises colossais.
Agora, estamos vivendo a sexta crise, esta produzida pela ação coletiva do ser humano. Paul Crutzen, prêmio Nobel de química em 1995, propôs, em 2000, uma nova época geológica que eles denominou de Antropoceno. Pela primeira vez na história da Terra, um ser vivo – o “Homo sapiens” – cria um novo momento geológico. Como evidências da nova época, o Instituto Resiliência de Estocolmo aponta as colossais emissões de gases que mudam a atmosfera e provocam aquecimento global, assim como o esgarçamento da camada de ozônio; acidificação dos oceanos; as grandes transformações nos continentes, com a supressão das formações vegetais nativas, substituídas por lavouras, pastagens e cidades; a maciça extinção da biodiversidade; a grande circulação de produtos químicos em todo o planeta; a escassez crescente de água doce; e a enorme produção de poeira. Toynbee acertou em cheio: a tecnosfera avançou sobre a biosfera de forma insustentável. Entramos no Antropoceno e não sabemos como sair dele. A Rio+20 é um remédio muito fraco para uma doença muito forte.
Autor:
Arthur Soffiati - Fonte: Aliança RECOs
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