Vídeo: Entenda como foi realizado o estudo Aquecimento Global um Registro Independente dos Últimos 130 Anos / NOAA
Diversos institutos de pesquisa climática, universidades e órgãos governamentais realizam a mensuração diária das temperaturas e mesmo com esses dados sendo semelhantes e apontando o aquecimento do planeta no último século, muitos ainda desconfiam dos números apresentados. Essas pessoas alegam, por exemplo, que as estações de medição estão localizadas em centros urbanos, assim, o aquecimento encontrado seria apenas um reflexo do efeito estufa local.
O recém-publicado estudo“Aquecimento Global: um Registro Independente dos Últimos 130 Anos”, presente na última edição do periódico Geophysical Research Letters (necessário ter cadastro para acessar), ajuda a acabar com esse tipo de dúvida ao constatar que diversos registros naturais demonstram que podemos confiar nas medições.
Realizado por uma equipe de pesquisadores da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e das universidades da Carolina do Sul, Colorado e de Berna, na Suíça, o trabalho analisou dados coletados em núcleos de gelo, corais antigos, cavernas e camadas de sedimentos em lagos e oceanos e chegou à conclusão de que o mesmo aquecimento apontado pelas medições é também vislumbrado na natureza.
“Observando somente elementos paleoclimáticos, é possível concluir que a tendência de aquecimento da superfície global é confirmada por evidências independentes. Estamos convencidos de que nos últimos 130 anos houve sem dúvidas um aumento das temperaturas”, declarou David Anderson, chefe do setor de paleoclimatologia do NOAA e principal autor do estudo.
Para chegar a esse resultado, os pesquisadores analisaram 173 conjuntos de dados que refletem mudanças nas temperaturas entre 1730 a 1995. Para garantir que o estudo fosse realmente independente de instrumentos, foram utilizados apenas dados “brutos” dos registros naturais, sem a usual reconstrução de temperaturas, processo que obrigatoriamente passa por medições com termômetros.
O crescimento dos corais, a presença de conchas em sedimentos e até o comportamento geológico de cavernas, tudo isso é impactado por mudanças nas temperaturas. Assim, é possível, por exemplo, acompanhar as taxas de isótopos de oxigênio em esqueletos de corais para se medir a variação climática.
“A correlação entre os dados paleoclimáticos e o registro de temperaturas possui implicações essenciais para a ciência climática e destaca a importância das pesquisas paleoclimáticas. Trabalhos como esse aumentam nosso entendimento do clima global ao estender nosso conhecimento de uma forma independente e objetiva”, disse Thomas Karl, diretor do Centro de Dados Climáticos do NOAA.
O estudo destacou ainda que os registros naturais demonstram que o aquecimento global nos últimos 15 anos avaliados (1980 a 1995) foi significantemente mais rápido do que a tendência de longo prazo (1880 a 1995).
Novembro de 2012
Agora que podemos ter mais confiança nos termômetros, assustam ainda mais os dados divulgados nesta semana pelo próprio NOAA.
Segundo a mais recente atualização do State of the Climate, novembro de 2012 foi o 333° mês consecutivo no qual as temperaturas globais ficaram acima da média para o último século. Além disso, foi o quinto novembro mais quente desde 1880.
A temperatura média terrestre em novembro ficou 1,13°C acima da média do século XX e a dos oceanos, 0,5°C.
Para o período entre janeiro e novembro, foi registrada uma temperatura 0,96°C acima da média histórica, fazendo deste período o quinto mais quente desde que começaram as medições.
Os dados do NOAA são coerentes com os apresentados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) há algumas semanas, que apontavam uma temperatura média de 14,45°C em 2012, quase meio grau acima da média entre 1961 e 1990.
Se seguir neste ritmo, 2012 deve ser o nono ano mais quente da história, mesmo sofrendo forte influência do fenômeno La Niña, que provoca a queda das temperaturas.
Autor: Fabiano Ávila - Fonte: Instituto CarbonoBrasil
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