domingo, 31 de março de 2013

AVANÇO DAS LAVOURAS SOBRE AS FLORESTAS TROPICAIS PREOCUPA.


Estudo em 128 países, incluindo no Brasil, aponta que entre 1999 e 2008 a expansão da agricultura foi responsável pela destruição de 4,8 milhões de hectares de florestas por ano.

Não é novidade para ninguém que o aumento em larga escala de grandes plantações está prejudicando e muito a conservação dos ecossistemas, e uma das maiores vítimas disso é a florestal tropical. E neste 21 de março, primeira comemoração do Dia Internacional das Florestas, uma nova pesquisa publicada no periódico PLoS ONE confirma essa tendência, apontando que, entre 1999 e 2008, cerca de 4,8 milhões de hectares de florestas tropicais foram perdidos por ano para as lavouras.

Para chegar a esse número, o estudo analisou dados de distribuição e expansão de colheitas em 128 países, avaliou as mudanças nas áreas das principais plantações e mapeou as lacunas entre as prioridades de conservação e o potencial de cultivo.

Segundo a pesquisa, o arroz foi a colheita que mais cresceu nos biomas florestais tropicais, embora a soja e o milho sejam as plantações que mais se expandiram em área absoluta. Outras lavouras que também tiveram grande crescimento foram o sorgo, o óleo de palma, o feijão, a cana-de-açúcar, a ervilha-de-vaca, o trigo e a cassava.

Os países onde houve mais aumento nas áreas de colheitas foram a Nigéria, a Indonésia, a Etiópia, o Sudão e o Brasil. Felizmente, os países tropicais ainda apresentam um índice de ocupação por lavouras de 10,7%, menos do que a taxa global de 12%.

Algumas colheitas, como a soja na Amazônia e no Cerrado brasileiro, o óleo de palma na Malásia e na Indonésia, a cana-de-açúcar no Havaí e na Mata Atlântica e o milho nas florestas de Madagascar, já são fatores conhecidos da perda de biodiversidade, diz o estudo. Entretanto, lavouras menos conhecidas, como o sorgo, o ervilha-de-vaca e o painço, não atraem tantos esforços de conservação, embora também sejam responsáveis pela degradação.

De acordo com os cientistas, isso pode estar ocorrendo porque essas colheitas menos ‘conhecidas’ cobrem uma área relativamente pequena. Um exemplo é o café, que ocupa apenas 8% da área do arroz em países tropicais. Além disso, colheitas de regiões secas tendem a apresentar uma maior biodiversidade do que as de clima úmido, tendo, portanto, um menor impacto.

Outro fator é o tipo de colheita que cada commodity desenvolve. Essas lavouras menos conhecidas costumam ser cultivadas mais por agricultores em pequena escala do que por grandes empresas agrícolas, o que, no final, também contribui para um menor impacto ambiental.

O estudo também sugere que algumas áreas com altos níveis de biodiversidade, como a África Central,o norte da Austrália, partes da Bacia Amazônica, o Chaco Paraguaio e as savanas de Sahel e do leste da África, podem futuramente ser convertidas em colheitas.

Ainda assim, há alternativas que podem ser desenvolvidas para controlar essa conversão, afirmam os autores, como iniciativas do setor privado; o desenvolvimento de uma economia mais sustentável; o pagamento por serviços ecossistêmicos através de mecanismos como o programa de Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD) etc.

De fato, os apontamentos do estudo são especialmente propícios para a data e para a condição em que muitos habitantes do planeta vivem, já que, segundo a ONU, mais de dois milhões de pessoas dependem das florestas para se sustentar, três milhões utilizam a madeira proveniente das florestas como fonte de combustível e 750 milhões vivem nas florestas.

Além disso, a organização aponta que 75% da água doce do planeta se encontra nas florestas, que também ajudam a estabilizar encostas, evitar deslizamentos e proteger comunidades costeiras de desastres naturais. As matas também servem como um sumidouro de carbono, e sua perda e degradação representam 17% das emissões antropogênicas de CO2.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que há razões para comemorar, já que o desmatamento caiu cerca de 20% na última década. No entanto, Ban pede que os governos e a sociedade civil se comprometam ainda mais em reduzir o desmatamento e a pobreza para promover um desenvolvimento sustentável para quem vive nas e das florestas.


Fonte: Instituto CarbonoBrasil

sexta-feira, 29 de março de 2013

MAIS UM DIA MUNDIAL DA ÁGUA.



A ONU – Organização das Nações Unidas – proclamou 2013 como o Ano Internacional da Cooperação da Água.

O nome é pomposo e bonito. Mas oco. Vazio. Não sei ainda o que isso significa. Cooperar com a água? Seja lá o que for, é pouco. Afinal, essa ONU, em 2010, divulgou que “Água poluída mata mais que violência no mundo, incluindo guerras”. E que: “Falta de água potável mata 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos de idade por ano”.

Estamos em 2013... Desde 2010, eu pergunto: já que a ONU descobriu tudo isso, vai fazer o quê? Continuar conivente com essas mortes? Ou vai criar regras claras e duras para punir os assassinos das nossas crianças? Porque, até agora, ela só criou resoluções, declarações, princípios, pactos e outros blablablás...

Não precisa ser muito esperto, antenado, pra saber que tais números recrudescem a cada ano. Até a Mídia Marrom fala a respeito. E uma das principais causas da poluição é a destinação ilegal de resíduos: mais de dois milhões de toneladas são lançadas nas águas por dia: esgoto, poluição industrial, pesticidas agrícolas e resíduos animais...

Basta um olhar (ou uma cheirada) nos rios da sua cidade pra perceber isso. Moro em Florianópolis-SC, terra de pescadores, de turista apreciador de peixe e outros frutos do mar. E aqui não tem um rio (nem mar) saudável. Todos morrendo, agonizando, ... as cidades do interior catarinense também padecem do mesmo mal.

Ou seja: estão destruindo a água – líquido vital cuja falta leva o ser humano à morte em 3 dias.

Quem são os culpados por essa destruição? Não sei se alguém está interessado na resposta. Ainda mais num Brasil onde a impunidade é corriqueira. Onde o crime ambiental é perdoado com a assinatura de um TAC – Termo de Ajustamento de Conduta. Não é assim? A mortandade dos peixes na Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) – um dos cartões postais brasileiros – é uma das provas mais recentes disso.

“Nos próximos cinco meses, a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, vai diminuir em até 60%, até agosto, o despejo de resíduos poluentes na Baía de Guanabara, disse nesta quarta-feira (13/3) o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc. A Reduc assinou, em 2011, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o governo do estado se comprometendo a investir cerca de R$ 1,08 bilhão em melhorias ambientais até 2017. O TAC da Reduc é o termo de maior valor assinado até agora no Brasil”.

Quando ouço minha neta pedir “vó, fecha a torneira  porque a água vai acabar”, penso nas meias verdades hipócritas que levamos ao cérebro da futura geração. Eu fecho a torneira e economizo no pagamento de 30 litros de água tratada. Uma bagana de cigarro jogada na praia polui até 500 litros. Uma empresa lança esgoto no rio e destrói milhares de litros (e os bichinhos e vegetais que ali habitam).

A geração atual precisa salvar a água. Para sobrevivência própria e das gerações futuras. E acordar para a triste realidade que experimentamos. Acho que ainda há tempo pra isso!

Lembrei agora que um dos Objetivos do Milênio (compromisso firmado entre 189 nações, em setembro de 2010) - inserto no PNUD - Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – é “Reduzir pela metade, até 2015, a proporção da população sem acesso permanente e sustentável a água potável segura e esgotamento sanitário”.

Quem sabe isso vira realidade? Vamos pensar positivo!

E, no Dia da Água, pare alguns minutos e reflita sobre a relação direta da água com a sua sobrevivência (e dos que você ama)!

O grande escritor uruguaio Eduardo Galeano já brincou – de forma muito séria - com o tema: pra que água se podemos beber Coca Cola???

Autor: Ana Echevenguá*  

* Ana Candida Echevenguá, advogada e articulista, especializada em Direito Ambiental e em Direito do Consumidor. Presidente da Academia Livre das Águas e do Instituto Eco&Ação, nos quais desenvolve um trabalho diretamente ligado às questões socioambientais, difundindo e defendendo os direitos do cidadão à sadia qualidade de vida e ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. email: ana@ecoeacao.com.br.

quinta-feira, 28 de março de 2013

AFINAL, EMPRESA SUSTENTÁVEL DÁ LUCRO??



Esta é a pergunta do bilhão. A resposta, convincente, pode impulsionar o novo modelo de desenvolvimento para o século 21.
 
Uma pergunta sempre aparece nos debates sobre negócios e sustentabilidade: empresa sustentável dá lucro?
 
Uma das muitas entidades a pesquisar o tema, a Universidade de Harvard, nos EUA, não tem dúvidas sobre a resposta: sim, as empresas sustentáveis dão lucro e ainda ganham da sociedade a “licença para lucrar”.
 
Como a universidade chegou a essa conclusão? Pesquisando o desempenho das maiores empresas globais listadas em bolsas de valores, entre 1992 e 2010, e comparando com o número de políticas de sustentabilidade adotadas por elas nesse intervalo.
 
Na verificação dessas listas, a universidade enumerou vinte e sete políticas de sustentabilidade mais adotadas pelas empresas, nas áreas de meio ambiente (ex: eficiência energética, redução de emissão, destinação de resíduos sólidos), social (ex: promoção da diversidade na empresa e na comunidade, respeito aos direitos humanos, promoção da agenda do trabalho decente) e governança (ex:transparência nas informações, código de ética).
 
Harvard dividiu essas empresas em dois grupos: as empresas de alta sustentabilidade, que adotam mais de 10 políticas de sustentabilidade que começaram o processo ainda nos anos 1990; e as empresas de baixa sustentabilidade, que possuem menos de 4 políticas de sustentabilidade e estão nesse processo desde os anos 2000.
 
Para verificar a performance das empresas, Harvard estudou o setor, o porte e a estrutura de capital de cada uma delas. Completou essa análise com os dados obtidos pela leitura de balanços anuais e de informações nos sites institucionais, bem como com entrevistas de 200 executivos, para confirmar o histórico do processo de gestão sustentável das empresas.
 
Agregando todas essas informações, o resultado obtido foi o seguinte:
 
• As empresas de alta sustentabilidade apresentaram melhores taxas de retorno, num período de 18 anos. O patrimônio delas valorizou 30% a mais do que aquele das empresas de baixa sustentabilidade; a rentabilidade líquida desse primeiro grupo cresceu o dobro da rentabilidade do grupo de baixa sustentabilidade.
 
• Analisando a evolução do valor das empresas, ano a ano, também é possível verificar que, mesmo em momentos de queda nas bolsas, a desvalorização das empresas de alta sustentabilidade foi significativamente menor que a das empresas de baixa sustentabilidade.
 
Por que as empresas de alta sustentabilidade tiveram esse desempenho?
 
A Universidade de Harvard também encontrou resposta a essa pergunta: as empresas de alta sustentabilidade apresentam desempenho superior porque possuem uma governança distinta, como foco no diálogo estruturado com as partes interessadas, metas sustentáveis sob a responsabilidade expressa da Diretoria e maior parte do investimento direcionado para o longo prazo e para suprir as necessidades e demandas dos públicos de interesse da empresa. Outras características da gestão dessas empresas são: sistema de compensação da liderança atrelado tanto a desempenho financeiro quanto a cumprimento de metas sustentáveis; tomada de decisões leva em conta dados financeiros e de mercado, bem como informações relativas às partes interessadas.
 
Vale ressaltar que as empresas de alta sustentabilidade adotaram a gestão sustentável voluntariamente e antes das demais, lançando tendências de mercado. Portanto, não há mais motivo para duvidar dos benefícios da sustentabilidade para os negócios. É hora de pôr mãos à obra!
 
Autor: Jorge Abrahão*   -   Fonte: Envolverde

* Jorge Abrahão é presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.

quinta-feira, 21 de março de 2013

ESTUDANTE NORTE AMERICANO DESENVOLVE ASFALTO ORGÂNICO.



Um novo tipo de asfalto ecológico foi proposto por um estudante de engenharia civil da Universidade do Kansas, Estados Unidos. Trata-se de um material desenvolvido com um composto vegetal facilmente encontrado na natureza.

Batizado de bioasfalto, o produto realiza, com a mesma eficiência, a função de endurecer e alisar estradas de terra. A substância orgânica conhecida como lignina é responsável por dar rigidez às células vegetais. Além disso, o elemento serve como liga quando em contato com terra solta e pedras.

A lignina foi escolhida pelo estudante Wilson Smith como matéria-prima para o desenvolvimento do novo produto. Seus experimentos vêm sendo realizados através dessa substância e ele tem tido sucesso com a escolha.

Também conhecida como lenhina, essa molécula consegue desempenhar, de modo satisfatório, o mesmo papel dos materiais, tradicionalmente, encontrados em estradas de terra. Basta que seja acrescentado um pouco de água.

Ao colocar o líquido, o material torna o solo mais liso, menos empoeirado e mais durável, pois a mistura é mais resistente à erosão em especial nos períodos chuvosos.

A partir das experiências, Smith chegou a cinco concentrações de lignina. O próximo passo é analisar a resistência e a diminuição da erosão em cada uma delas. “Nós queremos fazer uma análise exaustiva de como a coesão varia de acordo com a concentração de lignina, a quantidade de água e a compactação,” afirmou Smith. “Isso vai determinar, em estudos de campo, qual porcentagem de lignina produz a maior estabilização do solo”.

A molécula é facilmente obtida, pois é resultante de um processo natural do metabolismo das plantas. É encontrada em diversos resíduos da agricultura, como no bagaço da cana-de-açucar e da palha de milho. Além disso, é o terceiro componente mais importante encontrado na madeira. Consequentemente, também pode ser coletada em resíduos da indústria de papel.

Tudo isso, torna a solução encontrada por Smith sustentável e renovável. Os resultados das pesquisas devem ser apresentados ainda este ano. Em seguida, o estudante buscará parcerias para que possa realizar testes de campo com a substância.

Fonte: CicloVivo

quarta-feira, 13 de março de 2013

GOVERNO PODE ADIAR FIM DOS LIXÕES PORQUE SÓ 14% MUNICÍPIOS TÊM COLETA SELETIVA.



Apenas 766 municípios brasileiros, cerca de 14% do total, operam programas de coleta seletiva. O governo federal já cogita adiar o prazo de até 2014 para os municípios cumprirem as metas, como a instauração da coleta seletiva e o fim dos lixões. As informações foram divulgadas durante a avaliação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, realizada na última quarta-feira (21), em Brasília.
 
De acordo com o estudo apresentado pelo Compromisso Empresarial para a Reciclagem (CEMPRE), a concentração dos programas municipais de coleta seletiva permanece nas regiões Sudeste e Sul do país. Do total de municípios brasileiros que realizam esse serviço, 86% está situado nessas regiões.
 
Na opinião de Pedro Wilson Guimarães, secretário de recursos hídricos e ambiente urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA), é preciso “cobrar e, ao mesmo tempo, dar elementos para ajudar as cidades a construírem e implementarem os planos de resíduos sólidos”. Guimarães pediu à Frente Parlamentar Ambientalista para reavaliar o prazo de quatro anos e elaborar junto à Comissão de Orçamento emendas que destinem uma reserva para capacitar as cidades a dar continuidade às ações.
 
Os parlamentares e representantes de órgãos de governo, organizações da sociedade civil, movimentos de catadores e de instituições privadas avaliaram no evento que a legislação é “moderna e avançada no que se refere à área ambiental no Brasil”.
 
No entanto a perspectiva de adiamento do prazo é considerada ruim pelo presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, Deputado Sarney Filho (PV-MA). Segundo ele, o prazo faz parte do instrumento de comando e controle. “É comum, no Brasil, ver uma ilegalidade se transformar em legalidade a troco da flexibilização, como foi o caso do Código Florestal, que permitiu anistia aos desmatadores. Eu sou contra essa prática”, afirmou.
 
O coordenador do Grupo de Trabalho de Resíduos Sólidos, Deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP), lembrou que o repasse de verbas está vinculado à existência do plano, que só foi entregue por 400 cidades (das 5.565 de todo o Brasil), além de nove Estados e o Distrito Federal.
 
Resultante de mais de duas décadas de discussão, a Política Nacional de Resíduos Sólidos reúne princípios, objetivos, instrumentos e diretrizes para a gestão dos resíduos sólidos. Os principais pontos da política são: o fechamento dos lixões até 2014, a distinção entre resíduo (lixo reaproveitável ou reciclável) e rejeito (o que não pode ser reaproveitado) e a destinação dos rejeitos para os aterros sanitários e a exigência dos municípios elaborarem planos de resíduos sólidos.
 
Ao final do evento, os participantes defenderam que outro grande desafio para o próximo ano é a implementação da logística reversa, ou seja, pensar ações para melhoria da cadeia e a inclusão dos catadores e das cooperativas na execução da Política.


Fonte: Ciclovivo

terça-feira, 12 de março de 2013

MUDANÇAS CLIMÁTICAS ATUAIS SÃO AS MAIS RÁPIDAS EM 11 MIL ANOS.


Estudo publicado na revista Science afirma que as temperaturais estão mais elevadas do que em qualquer momento nos últimos quatro mil anos e que a taxa de aquecimento está acima de todas as registradas desde a Era do Gelo

O clima está sempre em transformação, e esse conceito confunde muitas pessoas, que imaginam que as mudanças climáticas atuais seriam um fenômeno inédito. O que na realidade há de inédito no clima no momento é a velocidade com a qual ele está se transformando e como a direção na qual está seguindo não faz sentido sem que seja considerada a ação humana. 

É justamente por trazer a constatação dessas afirmações que o estudo “A Reconstrução das Temperaturas Regionais e Globais para os Últimos 11.300 Anos”, publicado nesta semana na revista Science, é tão importante.

Os pesquisadores, liderados por Shaun Marcott, da Universidade do Oregon, analisaram fósseis de pequenos organismos marinhos para reconstruir as temperaturas até o fim da última Era do Gelo. Trata-se da maior linha histórica para as temperaturas médias do planeta já representada.

Os dados apontaram que as temperaturas médias atuais são as maiores em quatro mil anos e que o globo estava em uma tendência de resfriamento até as primeiras décadas do século XX, quando, subitamente e numa taxa nunca antes vista, começou uma curva ascendente das temperaturas.

“É mais uma evidência de que o aquecimento global atual não é natural, mas sim o resultado do aumento das emissões de dióxido de carbono desde o início da Revolução Industrial”, afirmaram os autores.

Segundo o estudo, o planeta foi se aquecendo devagar depois da Era do Gelo, sendo que as temperaturas chegaram a um pico por volta de 9.500 anos atrás, quando atingiram uma elevação de cerca de 0,6ºC acima do ponto inicial.

Então, pelos 5.500 anos seguintes as temperaturas se mantiveram estáveis, quando por volta de 1850 começaram a cair. A queda foi de 0,7ºC. A década entre 1900 e 1910 foi a mais fria dos últimos 11.300 anos. 

A razão pela qual o planeta aqueceu e depois começou a resfriar tem a ver com mudanças no eixo da Terra e de sua distância do sol, apontam os pesquisadores.

“Se formos levar em conta apenas as condições naturais, essa tendência de esfriamento deveria ter sido mantida e estaríamos agora rumando para uma nova Era do Gelo”, declarou Marcott.

Porém, não foi isso que aconteceu, e a partir de 1910 o que os registros apontam é um aquecimento sem precedentes e que encontra sua única explicação, até agora, nas emissões humanas.

“Apenas 100 anos depois da década mais fria em 11.300 anos, nós vivemos a mais quente [2000 a 2010]. Assim, em um século fomos do fim do espectro mais frio para o fim do espectro mais quente. Não há registros anteriores de uma mudança tão rápida. Mesmo as temperaturas no fim da Era do Gelo não se alteraram tão velozmente”, afirmou Marcott.

O pesquisador aponta que estamos com as temperaturas mais elevadas dos últimos quatro mil anos, pelo menos, e que já está quase tão quente quanto o período mais aquecido dos últimos 11 mil anos.

Michael E. Mann, climatologista da Universidade da Pensilvânia e autor do famoso gráfico 'taco de hockey' (ao lado), afirmou que o novo estudo “é mais um importante avanço que nos ajuda a entender as mudanças climáticas”.

O perigo, segundo Mann, está na velocidade das atuais transformações no clima. “Nós e outros seres vivos podemos nos adaptar a mudanças mais lentas. A taxa sem precedentes de aquecimento que estamos vendo é muito preocupante e representa uma grande ameaça para a sobrevivência de muitas espécies e coloca uma grande pressão na civilização”.

Fonte: Instituto CarbonoBrasil

segunda-feira, 4 de março de 2013

ANÁLISE REFORÇA RELAÇÃO ENTRE CO2 E AUMENTO DA TEMPERATURA GLOBAL.




Apesar de a maioria dos climatologistas concordar com a noção de que a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera influencia o clima global, ainda existem aqueles que questionam o papel do gás.

Um estudo publicado na mais recente edição da revista Science promete ajudar a acabar com essas dúvidas ao revelar uma forte ligação entre a presença de CO2 e o aumento das temperaturas durante o fim da última Era do Gelo.

Os pesquisadores, liderados pelo francês Frederic Parrenin, do Laboratório de Glaciologia e Geofísica do Meio Ambiente da Universidade de Grenoble, analisaram núcleos de gelo da Antártica e concluíram que o CO2 não apenas pode ter reforçado o aquecimento global que acabou com a Era do Gelo como pode também ter dado início a ele.

“Cientistas têm dito que o CO2 foi um amplificador do aquecimento global, mas não a causa inicial. Agora, estamos dizendo que pode ter sido sim a causa”, disse Parrenin.

Céticos climáticos sugeriam que, como o fim da Era do Gelo, cerca de 20 mil anos atrás, se deu até 800 anos antes do aparecimento de grandes quantidades de CO2 nos núcleos de gelo, o gás não possuía grande importância para o clima. Baseados nessa noção, muitos ainda defendem que de nada adianta reduzir as emissões de CO2 atualmente, pois essa ação não teria nenhum impacto climático.

Porém, esse novo estudo aponta que os dados anteriores estavam incorretos e que esse “atraso de 800” na realidade não deve ter existido.

“Por causa desses resultados errados sobre o CO2, as pessoas interpretavam que o gás não tinha um papel fundamental na variação do clima no passado”, explicou Parrenin.

O estudo francês reforça informações já publicadas de que as análises anteriores de núcleos de gelo poderiam estar equivocadas.

No ano passado, Jeremy Shakun, da Universidade de Harvard, já havia apontado que o aumento da concentração do CO2 na atmosfera veio antes da elevação das temperaturas que levou ao fim da Era do Gelo.

Atualmente, a concentração de CO2 está em 400 partes milhão (ppm), já acima dos 350ppm que seria o limite para manter o aquecimento global em 2oC, o máximo aceitável segundo cientistas para se evitar as piores consequências das mudanças climáticas.

Fonte: Instituto CarbonoBrasil