Estudo em 128 países, incluindo no Brasil, aponta que entre 1999 e 2008
a expansão da agricultura foi responsável pela destruição de 4,8 milhões de
hectares de florestas por ano.
Não é novidade para ninguém que o
aumento em larga escala de grandes plantações está prejudicando e muito a
conservação dos ecossistemas, e uma das maiores vítimas disso é a florestal
tropical. E neste 21 de março, primeira comemoração do Dia Internacional das
Florestas, uma nova pesquisa publicada
no periódico PLoS ONE confirma essa tendência, apontando que, entre 1999 e
2008, cerca de 4,8 milhões de hectares de florestas tropicais foram perdidos
por ano para as lavouras.
Para chegar a esse número, o estudo
analisou dados de distribuição e expansão de colheitas em 128 países, avaliou
as mudanças nas áreas das principais plantações e mapeou as lacunas entre as
prioridades de conservação e o potencial de cultivo.
Segundo a pesquisa, o arroz foi a
colheita que mais cresceu nos biomas florestais tropicais, embora a soja e o
milho sejam as plantações que mais se expandiram em área absoluta. Outras
lavouras que também tiveram grande crescimento foram o sorgo, o óleo de palma,
o feijão, a cana-de-açúcar, a ervilha-de-vaca, o trigo e a cassava.
Os países onde houve mais aumento nas
áreas de colheitas foram a Nigéria, a Indonésia, a Etiópia, o Sudão e o Brasil.
Felizmente, os países tropicais ainda apresentam um índice de ocupação por
lavouras de 10,7%, menos do que a taxa global de 12%.
Algumas colheitas, como a soja na
Amazônia e no Cerrado brasileiro, o óleo de palma na Malásia e na Indonésia, a
cana-de-açúcar no Havaí e na Mata Atlântica e o milho nas florestas de
Madagascar, já são fatores conhecidos da perda de biodiversidade, diz o estudo.
Entretanto, lavouras menos conhecidas, como o sorgo, o ervilha-de-vaca e o
painço, não atraem tantos esforços de conservação, embora também sejam
responsáveis pela degradação.
De acordo com os cientistas, isso pode
estar ocorrendo porque essas colheitas menos ‘conhecidas’ cobrem uma área
relativamente pequena. Um exemplo é o café, que ocupa apenas 8% da área do
arroz em países tropicais. Além disso, colheitas de regiões secas tendem a
apresentar uma maior biodiversidade do que as de clima úmido, tendo, portanto,
um menor impacto.
Outro fator é o tipo de colheita que
cada commodity desenvolve. Essas lavouras menos conhecidas costumam ser
cultivadas mais por agricultores em pequena escala do que por grandes empresas
agrícolas, o que, no final, também contribui para um menor impacto ambiental.
O estudo também sugere que algumas
áreas com altos níveis de biodiversidade, como a África Central,o norte da
Austrália, partes da Bacia Amazônica, o Chaco Paraguaio e as savanas de Sahel e
do leste da África, podem futuramente ser convertidas em colheitas.
Ainda assim, há alternativas que podem
ser desenvolvidas para controlar essa conversão, afirmam os autores, como
iniciativas do setor privado; o desenvolvimento de uma economia mais
sustentável; o pagamento por serviços ecossistêmicos através de mecanismos como
o programa de Redução de Emissão por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD)
etc.
De fato, os apontamentos do estudo são
especialmente propícios para a data e para a condição em que muitos habitantes
do planeta vivem, já que, segundo a ONU, mais de dois milhões de pessoas
dependem das florestas para se sustentar, três milhões utilizam a madeira
proveniente das florestas como fonte de combustível e 750 milhões vivem nas
florestas.
Além disso, a organização aponta que
75% da água doce do planeta se encontra nas florestas, que também ajudam a
estabilizar encostas, evitar deslizamentos e proteger comunidades costeiras de
desastres naturais. As matas também servem como um sumidouro de carbono, e sua
perda e degradação representam 17% das emissões antropogênicas de CO2.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
declarou que há razões para comemorar, já que o desmatamento caiu cerca de 20%
na última década. No entanto, Ban pede que os governos e a sociedade civil se
comprometam ainda mais em reduzir o desmatamento e a pobreza para promover um
desenvolvimento sustentável para quem vive nas e das florestas.
Fonte: Instituto CarbonoBrasil
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