Organização
Mundial da Saúde classifica a poluição atmosférica como um dos maiores perigos
à humanidade e recomenda o fortalecimento do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
e investimentos em energias renováveis
O governo chinês investirá 100
bilhões de Yuan (US$ 16 bilhões) nos próximos três anos para lidar com a
poluição do ar em Pequim. Para se ter ideia, desde o início de 2013 mais dias
foram classificados como “insalubres” e “perigosos” na capital chinesa do que
“razoáveis”.
A China é um dos exemplos do
futuro que nos espera se nada for feito para reduzir as emissões de poluentes
das atividades humanas. Mas a realidade atual pode ser ainda pior do que
imaginávamos.
“Nossas estimativas mostram que 3,5 milhões de
mortes prematuras acontecem todos os anos por causa da poluição dentro das
casas e outras 3,3 milhões pela poluição do ar nas ruas”, afirmou Maria Neira,
diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial da Saúde
(OMS).
O alerta foi feito durante a mais recente reunião
da Coalizão do Clima e do Ar Limpo (CCAC) do Programa de Meio Ambiente
das Nações Unidas (PNUMA), que foi realizada no último fim de semana em Paris.
O cenário apresentado pela OMS no encontro é
desolador, com a poluição do ar matando mais pessoas do que a AIDS e a Malária
juntas, por exemplo.
A situação mais preocupante é a da África, onde
milhões de pessoas ainda queimam madeira ou outros combustíveis dentro de suas
casas para a obtenção de calor e iluminação, resultando em famílias inteiras
desenvolvendo problemas respiratórios devido à fuligem. Já na Ásia e na América
Latina, o grande problema é a poluição nas grandes cidades, causada pelos
veículos e atividades industriais.
“A poluição do ar é um dos maiores problemas de
saúde pública do planeta, um problema que foi subestimado no passado. O pior é
que a situação parece estar piorando graças ao aumento do uso dos combustíveis fósseis”,
declarou Maria.
De acordo com a CCAC, os poluentes climáticos de
vida curta (SLCPs, na sigla em inglês), como o carbono negro e o metano, são os
principais vilões não apenas da saúde pública, mas também das mudanças
climáticas. Os SLCPs são emitidos por diversas fontes, mas são principalmente
resultado da queima de combustíveis fósseis.
Para a CCAC é preciso reduzir drasticamente e
rapidamente essas emissões através da utilização de novas tecnologias, como
filtros e modelos mais recentes de fornos e fornalhas. Outra medida considerada
essencial seria o incentivo aos investimentos em energias renováveis.
“Se aumentarmos o acesso à energia limpa, os
benefícios para a saúde seriam enormes. Não vemos esse argumento sendo usado
frequentemente, mas está claro que preservar a vida humana é um dos fatores que
devemos levar em conta para justificar os investimentos em energias como a
solar e a eólica”, disse Maria.
Durante o encontro em Paris, foi deixado claro que
o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo da ONU (MDL) possui um papel importante a
cumprir e deveria ser fortalecido.
O MDL funciona assim: iniciativas em países em
desenvolvimento que reduzam as emissões recebem créditos, as Reduções
Certificadas de Emissão (RCEs), que podem ser comercializadas com os países
ricos signatários do Protocolo de Quioto ou com qualquer outra nação que possua
metas de emissão e aceite as RCEs como uma de suas “moedas”.
Em setembro do ano passado, o MDL comemorou a marca
de um bilhão de toneladas de CO2 que deixaram de ser emitidas graças a seus
projetos.
Atualmente existem mais de 4.500 projetos de 75
países registrados. São iniciativas que vão desde a substituição de fornos à
lenha por modelos mais limpos e eficientes à aplicação de tecnologias que
diminuem as emissões de gases do efeito estufa na geração de energia.
Porém, a ferramenta foi vítima do problema do
excesso de créditos de carbono nos mercados mundiais - causado principalmente
pela crise europeia, que diminuiu a demanda por créditos - e hoje cada uma de
suas RCEs vale menos de US$ 1. Um valor baixo demais para incentivar o desenvolvimento
de novos projetos.
Segundo a CCAC é preciso elevar esse preço, mas não
foram apresentados os meios para que isso seja feito.
Fonte: Instituto CarbonoBrasil
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