Departamento de Energia dos EUA calcula que a emissão de CO2 chegou à maior quantidade já registrada e aponta que países do Protocolo de Quioto conseguiram cumprir suas metas, mas EUA, China e Índia somaram mais de metade do aumento.
Em 2010, após a crise financeira ocorrida em 2008 e 2009, o mundo começou a retomar seu desenvolvimento econômico, mas não foi só a economia que cresceu. Segundo o Departamento de Energia dos EUA, as emissões globais de dióxido de carbono subiram 6% no último ano, atingindo o mais alto nível já registrado.
De acordo com o departamento, a liberação mundial de gases do efeito estufa (GEEs) aumentou em 564 milhões de toneladas (512 milhões de toneladas métricas) em relação à taxa de emissão de 2009.
“É um grande salto. Do ponto de vista das emissões, a crise financeira global parece ter acabado”, declarou Tom Boden, diretor do Departamento de Energia do Centro de Análise da Informação do Laboratório Nacional Oak Ridge dos Estados Unidos, a Associeted Press (AP).
“Quanto mais falamos sobre a necessidade de controlar as emissões, mais elas estão crescendo”, alertou John Reilly, co-diretor do Programa Conjunto de Ciência e Política de Mudança Global do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Esse aumento nas emissões foi causado em grande parte pelos Estados Unidos, pela China e pela Índia, já que os países que assinaram o Protocolo de Quioto conseguiram reduzir sua liberação de carbono em 8% em relação aos níveis de 1990, diminuindo sua contribuição nas emissões mundiais de 60% em 1990 para menos de 50% atualmente.
Com esses dados, é possível perceber o quão alarmante é a situação, já que mesmo com a redução das emissões nos países do Protocolo, elas continuam a crescer. Para Granger Morgan, diretor de engenharia e do departamento de políticas públicas da Universidade de Carnegie Mellon, é “realmente desalentador. Estamos gerando um legado horrível para nossos filhos e netos”.
Esse nível de aumento já ultrapassou o pior cenário projetado por cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 2007, que previram que as temperaturas globais aumentariam entre 2,4 e 6,4 graus Celsius até o final do século, sendo a estimativa mais provável a de quatro graus Celsius. E com o crescimento desenfreado de países como a China e a Índia, essa condição só tende a piorar.
No entanto, segundo Reilly, esse crescimento tem seu lado positivo, pois vem permitindo que muitas pessoas melhorem suas condições de vida, porém é importante buscar alternativas menos impactantes ambientalmente para que essa melhora ocorra integralmente.
“A boa notícia é que essas economias estão crescendo rapidamente. Melhorias econômicas mais amplas em países pobres têm trazido melhorias de vida às pessoas. Mas fazer isso com dependência crescente no carvão está pondo o mundo em perigo”, alertou o co-diretor.
Mas há indícios de que estes países estão tomando algumas atitudes, ainda que poucas, para contribuir para um desenvolvimento de baixo carbono. Nesta semana, por exemplo, a China decidiu banir as importações de lâmpadas incandescentes de 100 MW ou mais a partir de outubro de 2012, as de 60 MW a partir de 2014 e as de 15 MW a partir de 2016.
Essa eliminação ajudaria o país a economizar 48 milhões de kWh e a reduzir 48 milhões de toneladas anuais de carbono assim que todas as lâmpadas incandescentes fossem abolidas. Além de contribuir com a mitigação das emissões chinesas, o plano também auxiliaria na diminuição de emissões em outros países, já que das 3,85 bilhões de lâmpadas incandescentes que a China produziu em 2010, apenas 1,07 bilhões foram consumidas domesticamente.
Nos Estados Unidos, um plano semelhante será adotado a partir de 2012; na Europa, a abolição gradual das lâmpadas incandescentes vem acontecendo desde 2008. “Precisamos realmente incluir o mundo em desenvolvimento [na mitigação das emissões] porque se não o fizermos, o problema vai escapar de nosso controle. E o problema está muito perto de escapar de nosso controle”, refletiu Andrew Weaver, cientista climático da Universidade de Victoria
Fonte: Instituto CarbonoBrasil/Agências Internacionais
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